Se há coisa que me "faz espécie", mais ainda do que a expressão "faz espécie" quando usada sem ser a gozar e fora do contexto do blogue, é a mania de se embelezar títulos e designações, de forma a que as coisas deixem de parecer o que são para soarem melhores. Esta mania, tão portuguesa, reflecte-se em pequenas coisas como o uso exaustivo de títulos, que não sou menos que ele para não ser Dr., os nomes pomposos que se arranjam para profissões triviais, como se "contínua" fosse menor que "auxiliar de educação", e agora, mais recentemente, no uso generalizado do termo expatriado em vez de emigrante. No fundo, a distinção é de classe: expatriado se tem curso superior, para não confundir com o emigrante iletrado que vai para as obras. Esquecem é que, com mais ou menos escolaridade, as razões que levam um e outro a sair do país são exactamente as mesmas: melhores condições de vida e melhores oportunidades profissionais. Com a diferença de que a rapariga que vai lavar escadas aprenderá holandês bem mais depressa que eu. E continuará a cozinhar com sal grosso.
Adenda: Começo a achar que tenho de passar a fazer um post explicativo por cada um que escrever, o que é uma canseira. Mas continuando: eu sou uma pessoa que se informa e documenta, e raramente escreve o que quer que seja sem se esclarecer - certamente defeito profissional, uma vez que cada frase que escrevo tem de se apoiar em referências bibliográficas -, de modo que eu sei que flor de sal e sal grosso não são a mesma coisa, tal como expatriado e emigrante também não o são, e eu até podia exlicar as diferenças tintim por tintim mas não me apetece, até porque não é essa a questão.
Lol, muito bom post!
ResponderEliminarComo se costuma dizer "A merda é a mesma a diferença está no cheiro"!
Apoiado! Bom ano!
ResponderEliminarMas... flor de sal (http://pt.wikipedia.org/wiki/Flor_de_Sal) e sal grosso não são propriamente a mesma coisa... Ainda assim, post bem escrito, as usual!
ResponderEliminar;)
Não podia estar mais de acordo com este post, agora que tenho um filho expatriado, perdão emigrante e que deixei de chamar técnico especializado de perfuração aos antigos picas dos transportes públicos. Até porque muitos destes tiveram que emigrar também por falta de trabalho aqui. Aliás expatriarem-se.
ResponderEliminarPrimeira visita e logo um post acerca de um tema sobre o qual ainda no outro dia estava a pensar.
ResponderEliminarÉ que agora que sou emigrante expatriado, estes assuntos interessam-me.
Uma dúvida: "avec" é apenas para aqueles que estão expatriados em França? Sendo assim que apelido têm os que trabalham em Inglaterra ou na Holanda? O ano a acabar e eu continuo, ou será auxiliar de educação!? , cheio de dúvidas pertinentes... ;)
Eu cá por mim designo-me como emigra residente no palecete da calle almansa! E é bem-bom!
ResponderEliminarLuna, se vieres beber uns copos à minha santa terrinha (Lisboa :D) no próximo fds e te apetecer avisa e combinamos uma concentração de emigras (tamos cá todos!)!
Acho que a palavra emigrante não deveria nunca ser considerada insultuosa, até porque como bem referiste, não é vergonha nenhuma uma pessoa sair do seu país em buscar de melhores oportunidades lá fora. Quem se sente insultado por ser chamado de emigrante em vez de expatriado, cá para mim, já acusa os toques do pedantismo reinante cá no nosso burgo, em que todos querem ser doutores.
ResponderEliminarOnde será que ouvi esta conversa??? TErá sido no sábado passado? :P
ResponderEliminarConcordo plenamente contigo. Eu peno emigrar para os EUA em Abril ou Março, depende das coisas, fazer um doutaramento por aí também. Mas digo te uma coisa, posso ser licenciada, mas não é por isso que irei ser diferente dos outros portugueses que resolveram arriscar para ter uma vida melhor. Afinal a lição da vida é muito mais dificil que um curso de Gestão, vulgo, com muita matemática à mistura.
ResponderEliminarJá agora, se não é indescrição, em que país estás?? Podes responder no meu blog.
Um beijinho*
Nunca percebi muito bem porque certas profissões são de titulo e outras não. Não há nenhum titulozinho para designer, mas se fosse engenheira, médica...so on so on. Em certas coisas continuamos a ser muitíssimo saloios. Há uns anos atrás o meu pai preencheu os papéis para o cartão do Minipreço e escreveu na profissão Engenheiro (sendo ele um electricista, nada a ver...mas electricista não tem charme.., então a partir daí, toda a correspondência do Minipreço acerca do cartão e no próprio cartão acrescentavam o Dr. ao nome do meu pai. O cartão já se perdeu, mas passámos anos a rir-nos cada vez que olhávamos para o cartão.Alguem se deu MESMO a esse trabalho?( não fosse o sr engenheiro chatear-se e deixar de vir ao nosso singelo estabelecimento).
ResponderEliminarE também porque existe essa maravilha do universo que é o Google lol
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