Uma coisa que algumas amigas de longa data gostam de afirmar sobre mim em tom de crítica, meio a atalho de foice e para mostrar alguma autoridade e profundo conhecimento no assunto, é que eu sou esquisita a comer. A coisa é afirmada peremptoriamente, como se fosse um dos meus maiores defeitos, completamente óbvio, tipo "coitadinha, é coxa". É verdade que eu era esquisita, mas apenas até há uns 10 anos atrás. Claro que há uma série de coisas de que não gosto, e algumas, por serem tão populares em Portugal, e tão favoritas da maioria, acabam por funcionar como o exemplo máximo da minha grande esquisitice. Não gosto especialmente de marisco nem bivalves, em parte pela trabalheira que dão a comer, em parte pela textura esponjosa, em parte porque acaba por me ser indiferente comer gambas ou uma sandes de queijo, e acabo por achar um desperdício dar-me ao trabalho, principalmente quando há quem goste tanto. Também não gosto de cozido à portuguesa, para mim o prato mais monótono do mundo, em que é tudo cozido - nhec -, a carne cozida toda sequinha e a saber a couves, mais as batatas a saber a carne e as couves a saber a enchidos. Mas não é que não consiga comer, só não acho piadinha nenhuma. Mil vezes uma cachupa, isso sim de comer e chorar por mais. Quanto a coisas que não consigo mesmo comer, limitam-se a miudezas: fígado, tripas e quejandos, dispenso. Pronto, e moluscos. Mas por aqui acabam as minhas limitações. Experimento comida de todo o mundo a gosto e raramente não gosto. Estas amigas, que tanto gostam de me chamar esquisita, esquecem-se que esquisitas são elas, que não comem nada que não seja comida portuguesa, seja porque é cru, picante, ou sabe a caril. Só comem carne bem passada, mesmo que seja picanha, e não gostam de chinês, japonês ou indiano. Nunca na vida comeriam um ceviche, um ahi tuna, e muito menos arenque fumado ou pickled, de que tanto gosto. Dificilmente comeriam comida da Eritreia à mão, e um green curry seria demasiado picante. Mas a esquisita sou eu, só porque não deliro com camarão cozido.
Agora ficarei na dúvida quanto a quem estarias a descrever, se a ti... se a mim.
ResponderEliminarÀ excepção de marisco, de que gosto imenso (menos mexilhões, que de resto me fazem alergia), sou igual ou ainda pior. Do cozido, que acho uma nojeira total, com aqueles enchidos todos, unhacas e coisas com pêlos... Só consigo tocar na carne de vaca e nas couves. Nunca na vida provei coelho. Não como borrego nem cabrito. Miudezas, tudo o que seja víscera, é impensável...
Adoro japonês (principalmente), tailandês, mexicano, indiano e, regra geral, todas as cozinhas de fusão. Picante? Venha ele! Uma ceviche? Ah, que delícia!
E depois... Portugal tem um enorme problema. Adoro saladas, mas não somos nem nunca fomos um país de saladas. Em Lisboa, para se comer uma salada com sabor, texturas misturadas e criatividade, é preciso ir a um restaurante dos mais caros em que se sigam as correntes lá de fora. De outra maneira é a alface murcha e o tomate que nunca está no ponto certo, ora demasiado verde, ora já passado, deita-se azeite e vinagre e está a andar... Grrr!
Viva a nossa esquisitice, beijo!
Já me esquecia das saladas. Também não como cá salada - o que gera a afirmação: a Luna também não gosta de salada. Só que não gosto porque não acho piada nenhuma à salada de alface. Uma tristeza.
ResponderEliminarDêem-me uma salada com mistura de rucola, alface frizada, alface roxa, com tomate cherry, abacate, queijo feta, milho, azeitonas, etc., temperada com azeite e vinagre balsamico, e eu adoro. Aliás, agora que divido a casa com um francês, ele é o responsável oficial pelas saladas e ficam sempre uma maravilha. Agora a salada de alface de cá, só com tomate e cebola crua (outro blhec) é que não gosto mesmo.
Lol parece-me então que tu é que és uma sortuda! Eu aqui em Portugal como quase de tudo, não sou muito esquisita. Quando vou para fora, já estive à beira das lágrimas. Em Itália os primeiros dias foram bons, mas a partir da primeira semana já me dava vómitos olhar para tomate e queijo e TUDO naquele país tem tomate e queijo, que nooojoo! Em Inglaterra, é uma sorte eles ainda não rebolarem, só comem fritos e eu detesto aquelas porcarias fritas ao pequeno almoço, a bailar em oleo...yak!Onde está o pãozinho com leitinho? Não, toma lá fritos mal acabas de abrir os olhos.No entanto, conseguia aguentar-me a sopa infinitamente, e esse é o meu grande desespero quando vou para fora..não há.
ResponderEliminarAhahahah! Muito bom!
ResponderEliminarEssa frase "és esquisita" entra quase todos os dias no meu quotidiano. Pior é quando digo que prefiro pickles a uma bola de berlim. Ou prefiro queijo bree a bolo de chocolate.
alface, check. cozido à portuguesa, check. fígado e tripas, check. eu juntava ainda mais uma série de coisas que fazem de mim um bicho raro (queijo, maçãs - que acho enfadonhas, couves, and so on), mas dou o meu reino por um belo vietnamita como o que mostras em cima!!
ResponderEliminarDesembainho já a minha espada em defesa do queijo, provavelmente a iguaria, manjar dos deuses, chamem-lhe o que quiserem, à qual sou mais devota.
ResponderEliminarAi, queijo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAhahha!
ResponderEliminarEstou com a Teresa!
Eu só não vou muito com o cozido. Aliás, com tudo que seja cozido. Não é que não consiga comer. É, simplesmente, sensaborão.
De resto, sou como tu. Adoro provar, variar e comida de todo o mundo. Sou perdida por comida oriental.
Agora, curry, que seja green e daquele que nos põe em lágrimas. Chorar por um prato apetitoso também pode ser romântico!
Luna,
ResponderEliminarperdooe as suas amigas...elas pecam por ignorancia. Organize um jantar de comidas do mundo e convide-as. jamais serão as mesmas.
kiss kiss
E elas acham-te esquisita?!!? Esquisita sou eu...ora não gosto de feijoada, morcela, fritos, azeite, manteiga, picante, caril e especiarias em geral tirando oregãos, figado, dobrada, truta, todas as carnes que não sejam frango, perú e porco,odeio canja e grão. em compensação adoro camarão... ainda bem que elas não me conhecem...
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