Se há coisa que me faz uma certa comichão são as pessoas pseudo. Pseudo-intelectuais, -artistas, -espíritos livres, -existencialistas, -filosófas, e por aí poderíamos continuar. Pessoas cheias de mania, portanto. Mania de que são originais e na vanguarda do seu tempo. Que falam e escrevem sempre em redondo para esconder o facto de não terem nada a dizer. Que, na tentativa desesperada de fugirem ao convencional, se tornam uma imitação barata de exemplos vistos em filmagens desbotadas de tertúlias fumarentas de tempos que já passaram. Que, para serem diferentes de uns clichés se tornam iguais a outros, mudando apenas a dimensão da amostra. Pessoas que, tal como Cristina*, sentem que "têm tando para dizer e expressar, mas que infelizmente não têm talento". Pretensiosas, deslumbradas, que enchem a boca para dizer que são artistas, mas nunca produzem nada, sem perceber que o que as move não é a sensibilidade especial dos iluminados mas o desejo fútil e pueril de ser cool, de pertencer àquele grupo, só porque gostavam tanto. Também eu gostava tanto, mas talento ou há ou não, paciência, é-se outra coisa. Não é artista quem quer, mas quem pode. Pessoas a quem eu gostava de dizer: vai mas'é trabalhar.
*Vicky Cristina Barcelona
*Vicky Cristina Barcelona
Excelente post.
ResponderEliminarExactamente o que pensei quando vi o filme. E o mesmo diria da Vicky: em Barcelona a fazer um mestrado (ou doutoramento?) sobre a cultura catala e nao falava UMA palavra de catalao no filme. Nem falo do castelhano dela porque dava pena. :)
ResponderEliminarBom, eu que estudei 5 anos na Faculdade de Belas Artes e sempre segui o percurso artístico, posso dizer que enjoei grande parte deste mundo pseudo criativo e estou um bocado enjoada de tanta chachada pseudo-intelectual. Estou farta de discutir o sexo dos Anjos nas aulas de Estética e de ver colegas a safarem-se numa avaliação, com um discurso digno de político, enquanto defendem a sua folha de papel em branco (literalmente, acreditem, eu vi de tudo na faculdade). O conceito, completamente inventado em cima do joelho, as discussões com palavras caras, conversas de mudos, sobre a abstracção do pensamento neo-analítico consequente da anatomia social e da textura da malha urbana quase deslocada do semi-analismo da abstração. Imaginem este tipo de conversa com um professor, enquanto ele cospe conversa intelectual barata e nós vamos para casa mastigar e tentar perceber se ele queria o título mais para a esquerda ou para a direita. Conheci pessoas com uma sensibilidade e inteligência excepcionais, mas a maioria deixam-me a sensação que vão para Artes porque sabem que é um circo onde todos fingem saber do que falam e perceber o que ouvem.
ResponderEliminarVou fazer referencia ao teu post no meu blog, espero que nao te importes.
ResponderEliminarClaro que o facto de a Cristina ser interpretada pela Scarlett não tem nada a ver!
ResponderEliminar:))))
PS - Eu ainda não vi o filme. Por conseguinte, se tiver acabado de dizer uma enormidade (tipo a Scarlett ter interpretado a Vicky...), avisem-me imediatamente de que perdi uma excelente ocasião para estar calada.
Mas com tanto post sobre Vicky Cristina, eu que até dispensava ver o filme já me aguça a curiosidade, lá vai ter que ser ;-)
ResponderEliminarPrimocas:
ResponderEliminarÉ o teu sexto post sobre o filme, de que não gostaste.
Tal como à Ecila, já me aguçaste a curiosidade...
Beijinhos primais
Muito bem. Gostei do que li. A esse tipo de pessoas chamo-os de "pedintes de atenção", bem piores do que os que pedem na rua. Tb tenho um post sobre essas pessoas... Fica bem e continuaçoes de bons posts...
ResponderEliminarFaço uma vénia e digo ámen a cada palavrinha deste post!
ResponderEliminarÉ verdade, dizes muito bem, ser artista não é para quem quer. Infelizmente, não basta desejar ter talento para ele aparecer.
ResponderEliminarClap, clap, clap! De pé e em êxtase, este meu aplauso!
ResponderEliminarMuito bom post!
ResponderEliminarHá muitos que são artistas que não o deveriam ser. E conseguiram lá chegar sabe-se lá à custa do quê?? Enquanto outros que têm capacidade e qualidade nunca são reconhecidos e acabam por abandonar o sonho.
ResponderEliminarmas ela, a scarlett, tem uma interpretação e pêras.
ResponderEliminardisso mesmo que vc diz ser o personagem dela. e é.
A mim enervam-me muito mais os pseudo normalizados, ou seja, a maioria das pessoas que tem um trabalhinho porque sim,uma família porque sim, e que se recusam a perceber de que matéria são feitos, porque isso é coisa para pseudos. É artista quem quer, quem trabalha para o ser, a arte, ao contrário do que se pensa, é criada com 90% de suor e 10% de talento. E qualquer artista percebe que a Cristina é simplesmente deliciosa, especialmente quando acompanhada da Penélope!!!
ResponderEliminarCara Vanda
ResponderEliminardeve ser por não ser artista que eu não percebo quão deliciosa é a Cristina, então...
Ou talvez seja porque até conheça artistas de verdade, que embora trabalhem para isso, têm esses 10% de talento - que Cristina não tem. Mas proto, isso sou eu, uma pseudo-normalizada que não percebe nada disto.