26 de março de 2009

Quero andar a pé, posso?


Passeio livre

"O centro de Lisboa, nesse sábado, aliás, estava, como sempre, às moscas, sem famílias, sem crianças que devem estar refundidas na expo ou nalgum centro comercial com estacionamento regulado e elevadores com capacidade para dez carrinhos de bebés. Já podem vir com teorias para reabilitar o centro ou gastar dinheiro em merdas de espectáculos de rua, mas bastava com arranjar os passeios, regular o estacionamento, que a gente ia lá, gozar a cidade, como se gozam todas as capitais europeias." pela Rititi

Em Outubro passado a Rititi escreveu este texto denunciando o quanto se tornou impossível andar a pé na cidade, especialmente com crianças. Desde que cheguei à Holanda, uma das coisas que me tem encantado, além de se ver gente na rua aos fins de semana mesmo com temperaturas negativas, é a possibilidade de passear a pé pelo centro das cidades, livres de carros. Notei-o especialmente durante um fim de semana passado em Amsterdão, passeando-me à volta de Leidseplein e ruelas adjacentes, nas quais é possível andar à vontade. Lembro-me de pensar que o mesmo seria impossível em Lisboa. Mas não é, basta todos querermos e ganharmos consciência de que os passeios foram feitos para as pessoas, não para os carros. E se sou contra qualquer tipo de vandalismo ou retaliação típica, desde limpa pára-brisas levantados ou partidos aos riscos feitos a chave - que sim, já me aconteceu -, um inofensivo autocolante pode consciencializar sem lesar. Para bem da cidade, para bem de todos.

8 comentários:

  1. Yay! Agora é a minha vez (riso malvado).
    Vou ao staples comprar uma resma de papel autocolante. Lá para o fim da próxima semana já o gastei todo, aposto.
    A minha zona deveria ser qualificada de calamidade pública, no que toca a estacionamento vale tudo, mesmo tudo.
    E aqui a parva a pagar um lugar de garagem.

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  2. Também acho. Mas em Lisboa ao fim-de-semana, se formos à Baixa, está tudo fechado, só com turistas (o que há lá para fazer, de facto?). Enquanto isso os jardins na expo estão a abarrotar!

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  3. Aqui tb chove e faz frio e há pouquíssimos centros comerciais. Comércio de rua é o mais comum e digo aos ingleses "é fantástico". PT tem tanto sol, mas mete-se tudo no centro comercial, uma estupidez...

    Quanto ao autocolante, achas que compreenderiam??

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  4. Eu não acho que o problema do estacionamento em Lisboa se resolva com um autocolante. A verdade é que é uma pescadinha de rabo na boca: por um lado as pessoas não se desabituam do carro, mesmo que ao fim de semana, quando têm tempo, por outro, Lisboa não oferece transportes ao nível de capital europeia que é. Se as pessoas não estacionarem no passeio vão estacionar onde? Estão-se a borrifar!

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  5. fuschia,
    mas o autocolante não tem a ver com o problema do estacionamento em Lisboa. O autocolante tem a ver com desrespeito dos peões por muitos automobilistas.

    O problema do estacionamento é exclusivamente criado pelos automobilistas (os peões não estacionam). Esse é um problema que deve ser resolvido.

    O que está em causa com o autocolante, é que os automobilistas passam o problema deles para terceiros, que não têm culpa no cartório.

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  6. Não percebo como não tem a ver. Os automobilistas estacionam onde lhes apetece pelo simples motivo de que a cidade não tem espaço para tanto carro. Ou as pessoas deixam de ir de carro para Lisboa, ou são proibidas de levar. Independentemente da solução, é um facto que chegando a Lisboa, não há estacionamento, vão pôr onde? Metem o carro no bolso?

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  7. fuschia,
    copy-paste de posts do blog:

    A alegada dificuldade em encontrar um lugar para estacionar é um problema inerente à própria utilização do carro na cidade. Não é um problema do peão. Esta iniciativa de apelo ao respeito pelo espaço dos peões, apenas lamenta que este problema seja transferido para a parte mais fraca, sempre que alguém estaciona ilegalmente.
    Se o problema existe realmente, se é grave, como deve ser resolvido, etc. são tudo questões interessantes, mas que não justificam o desrespeito dos peões. Tal como o problema não pode ser empurrado para terceiros, não aceitamos que o ónus da resolução dele (em bom português: "onde queres que estacione então?") recaia sobre quem não o provoca.


    --------------------"No que nos diz respeito, não nos interessa o problema do número de lugares, se há carros a mais para a cidade ou se há estacionamento a menos para tantos carros.

    O problema de falta de lugar legítimo de estacionamento é dos automobilistas. Nós somos peões.

    O que nos interessa é que a partir do momento em que um carro está estacionado em cima de um passeio, há um carro a mais no passeio, há um carro no espaço que é nosso.

    E, nas nossas cidades, o problema assume proporções de flagelo.

    Imaginemos que as pessoas começavam a colocar o lixo, pianos de cauda, frigoríficos, no passeio, na via pública. Seria inadmissível, não? Então porquê tolerá-lo quando se trata de carros? Ninguém compra um piano de cauda sem ter espaço para pô-lo. Então porque adquirem automóveis se não têm possibilidade de os parquear legalmente?"

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  8. É tal e qual, alfacinha.
    Eu também sou automobilista. Se vou de carro para o Chiado, já sei que me arrisco a não ter lugar de estacionamento, ou a ter que desembolsar uns euros pelo parqueamento. E isto é normal. O estacionamento é um bem escasso, quem o quer ou chega mais cedo ou paga.
    Mas o problema nem é a falta de estacionamento, mas de civismo: este fim de semana, nas Portas do Sol, eram mais de uma dezena os carros estacionados à balda e em cima do passeio. Ao lado, temos um silo automóvel... com lugares livres. Como ficamos? O uso de automóvel não tem que ser gratuito, não se trata de um bem essencial.
    E não há desculpa: desrespeitar os peões (eu também ando a pé, e muito) porque se não tem lugar para o carro é repercutir no próximo (inocente) a frustração por um problema próprio.Não é justo, não é digno, não é correcto.

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