19 de abril de 2009

Filmes do Tejo exibe filmes no IndieLisboa'09



1. Sinopse
Pedro (interpretado por Gonçalo Waddington) é um jovem encenador cheio de dúvidas sobre a peça de teatro político que tem nas mãos e a atravessar uma crise pessoal. Para além do questionamento do radicalismo revolucionário que essa peça coloca e que interpela directamente o seu próprio passado familiar, Pedro mostra-se também confuso com as novas responsabilidades e expectativas decorrentes da gravidez da namorada (Joana Seixas). A encenação parece indefinidamente bloqueada até que Pedro faz uma descoberta em casa da avó, que poderá explicar o desaparecimento do seu pai logo após a Revolução dos Cravos. Na caravana em que a família o costumava levar para férias em miúdo, Pedro encontra dois revólveres e vários documentos que lançam uma nova luz sobre tudo o que lhe tinham dito sobre a misteriosa figura do pai. Parte à procura de respostas, deixando todas as responsabilidades imediatas para trás. O filme de Ivo M. Ferreira, que assina aqui a sua segunda longa-metragem, é uma interpelante e rara revisitação ficcional de algumas memórias pós-revolucionárias portuguesas.

2. Datas de Exibição no IndieLisboa’09 e Ficha Técnica do filme

25 Abril, 21:45, Cinema São Jorge, Sala 1
29 Abril, 21:45, Cinema City Classic Alvalade, Sala 3

Ficção, Portugal, 2009, 85', 35mm
Argumento: Ivo M. Ferreira
Fotografia: Pedro Cardeira, Susana Gomes
Música: António Pedro
Som: Vasco Pimentel
Montagem: Rodolfo Wedelles, Sandro Aguilar
Com: Adelaide João, Cândido Ferreira, Gonçalo Waddington, Hugo Tourita, Joana Seixas, Juan Jesus Valverde, Lídia Franco
Produtor: Maria João Mayer
Produção: Filmes do Tejo II

3. Nota do Realizador

Houve, em todas as épocas, homens e mulheres que abdicaram das suas vidas pessoais para se dedicarem à política, para construírem um mundo melhor e mais justo. Tive o privilégio de me cruzar com um ou dois destes seres especiais, por quem sinto um imenso respeito e um grande fascínio.
Sinto, por vezes, boa inveja dos revolucionários da época do fascismo porque eles tinham um inimigo bem claro para combater.
No marasmo em que vivemos, o inimigo é ténue. O maior de todos parece residir dentro de nós. Da minha parte, tento sempre encontrar a melhor forma de o combater.
Durante dezenas de anos, para combater o fascismo, foram necessárias diversas formas de luta e, também, a luta armada. Após o 25 de Abril, quando se procuravam novos caminhos, vários grupos armados foram constituídos com vista a preservar o que alguns militantes de esquerda acreditavam ser o espírito original da revolução. Hoje,
parece-me absurdo, a mim que detesto violência, mas não condeno de modo algum estes processos em absoluto e, por isso, trato-os com respeito. Foram actos de coragem. Talvez até um dia, voltem a fazer sentido.

ÁGUAS MIL é a voz dos “filhos da revolução” exigindo à geração dos pais que contem o que se passou na História recente de Portugal, quando o País e o Mundo
transbordavam de ideias que caíram antes de se erguerem.

4. Biografia do Realizador

Nascido em Portugal em pleno rescaldo da revolução de 1974 e no seio de uma família de artistas politicamente activa, Ivo Marques Ferreira esteve desde sempre em contacto com o teatro e o cinema.
Iniciando a sua formação técnica e artística em Lisboa, trabalhando como fotógrafo, actor, produtor, encenador e “light designer”, Ivo segue para uma breve passagem na London International Film School, e na Universidade de Budapeste e chega finalmente à China, destino que marcará para sempre a sua vida pessoal e profissional: monta uma pequena produtora em Macau e realiza o seu primeiro filme (e recebe os primeiros prémios). De volta a Portugal, a convite da Exposição Universal de 1998, realiza uma também premiada curta-metragem e pouco tempo depois, dirige a sua primeira longa-metragem. Em 2006 recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para um curso de Escrita de Argumento leccionado pela L.I.F.S., o que o levou a lançar-se na escrita, e realização, daquele que é até agora o seu projecto mais pessoal: “Águas Mil”.
Recentemente, acabou de ser pai e concluiu o documentário “Go with the Wind”, que o levou novamente à China, desta vez para abordar o tema da emigração.

3 comentários:

  1. Curiosidade: qual a tua relação com esta produtora?

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  2. Nenhuma. Uma amiga pediu-me para divulgar, e não me custa nada.

    (Não, não ganho dinheiro com isto)

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  3. Não era um ataque.
    Agradecido.

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