18 de setembro de 2009

E porque eu já estou muito cansada

"Parecendo um paradoxo quero acreditar que não. Pese embora todas as teorias racistas do século XIX, em que os europeus do sul eram considerados uma raça inferior, por isso menos dotada de brilhantismo intelectual e consequentemente menos capaz, parece-me – estando desvalorizadas e sem sentido genético as diferenças dentro da espécie – que somos um povo competente (vou arrepender-me disto, já a seguir, quando sair de casa e me cruzar com um taxista). Sendo aptos parece-me apenas lógico – isto sou eu, que como se sabe sou opiniosa, mas não gosto de ditar tendências – que nos sintamos envergonhados de ter um dos maiores índices de analfabetismo da Europa, uma das menores taxas de licenciados e acima de tudo de estarmos no pódio da ignorância da união. O capital intelectual de um país é claramente um indicador fundamental do seu nível de desenvolvimento da mesma forma que o nível de conhecimento médio da população alicerça uma possibilidade de crescimento (se algum político me quiser contratar neste momento fique sabendo que me vendo muito caro e não sou a Joana Amaral Dias). Partindo do princípio que não somos geneticamente burros, que temos um ensino tendencialmente – e aqui aproveito para deixar uma crítica às propinas e à falta de fiscalização do ensino privado – gratuito, acessível a todos e abrangente, qual será o nosso problema?"


Uma opinião fresca vinda de outra cabeça, muito bem explicada.

6 comentários:

  1. sim, mas aqui a conversa já é outra :) you go girl! ;)

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  2. Bom, no outro dia quase me bateram porque eu disse que a arte de ser português está em «ser-se grunho».

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  3. Copy do que escrevi no da paracuca:

    Belo tema!
    Na minha opinião estamos a facilitar demais no ensino. Estamos a formar "pessoas intelectualmente menos estimulantes".Porquê? Porque com o processo de Bolonha apenas decidimos "distribuir" canudos mais cedo para aumentar a nossa taxa de licenciados. Reduziram-se cursos, ou seja, aprendizagem. A "tanga" de que são mais horas de estudo já não funciona porque basta ver-se a estrutura dos cursos VS carga horário para se perceber que somente encurtaram o tempo, ou seja, facilitou-se o acesso ao canudo.
    Facilitou-se também a nível da entrada na Universidade. Os exames de acesso estão muito mais acessíveis, as médias de entrada baixaram (salvo medicina e uma ou outra excepção)para quê? Para que haja mais licenciados o que não significa que estão aptos para tal.
    Já para não falar no "novas oportunidades". É ridiculo ver o comportamento de muitos formadores, já para não falar no plano de aulas. No entanto, andamos a pagar a todos para terem o 12º ano e entrarem na faculdade.
    Pagamos e bem as propinas. Pagamos alguns porque outros servem-se das bolsas que na minha opinião deviam ser "mais" controladas. E que tal bolsas de mérito? Sim, porque há quem trabalhe para pagar os estudos enquanto vê os colegas bolseiros a beber uma cervejinha na bela da esplanada. Irritante? Muito!
    Não percebo como é que em determinadas áreas saltou-se de uma licenciatura para um doutoramento. Não percebo mesmo!
    Não percebo que não haja maiores apoios aos estudantes que decidem prosseguir com os estudos. Não percebo o facilitismo. Mais vale começarmos a distribuir canudos na creche. Sim porque parece que o canudo é o ponto mais importante e não o que a pessoa sabe fazer com ele.
    Acrescento que há pessoas que seguem cursos profissionais e que sabem tanto ou mais que os universitários. Não acho que um canudo seja sinal de inteligência. E muito menos quando o acesso ao mesmo começa a ser demasiadamente desleixado e facilitado.

    Enfim é isto que irrita queremos apresentar dados estatísticos ao invés de formar correctamente as pessoas. E sim Luna, tens toda a razão em colocares esses gráficos. É um "abrir de olhos" para quem acha que estamos a ir bem.
    No entanto, quero apenas sublinhar que acho que há quem sem ter ensino superior ajude e muito o país a evoluir e seja culturalmente interessante. Cada vez menos acho que o "canudo" marca a diferença. Devia marcar, devia! Só que o facilitismo faz-me ver as coisas de uma forma diferente.

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  4. O problema vem de trás e a pressa é má solução.

    Em 1º lugar é necessário ver que no século XX temos o seguinte paradigma: avô analfabeto, pai com a 4ª classe, filho licenciado.

    É uma mudança radical e os poucos licenciados correspondem às recentes gerações.

    Mas o analfabetismo ou a baixa taxa de licenciados não têm nada que ver com desenvolvimento humano ou económico. A Escócia de 1800 (há 200 anos!) tinha mais de 90% de pessoas que sabiam ler e escrever e era um dos países mais pobres da Europa. E o presbiterianismo dificilmente pode ser considerado desenvolvimento humano.

    Mas os governos portugueses, sobretudo o actual, acha o contrário, e que se dermos diplomas a toda a gente toda a gente saberá muito e isso será uma vantagem. Toca de passar toda a gente, e dar diplomas. Ora este raciocínio assenta em proposições falsas.

    Imagine-se que facilitamos nas escolas de ballet e baixamos os índices de exigência para termos mais bailarinos. Não passamos a ter melhores espectáculos. Podemos ter mais espectáculo, mas serão claramente piores.

    Se o objectivo é democratizar a mediocridade, então estamos no bom caminho. Claro que teremos problemas de competitividade. Se procuramos a excelência, então é melhor criar elites (não tenhamos medo da palavra) que permitam a criação de qualidade e seremos competitivos.

    P.S.: Não posso deixar de reconhecer ao eng.Sócrates uma notável coerência na sua política de nivelamento por baixo do ensino e de doação de diplomas. No fundo apenas quer que todos possam ter acesso àquilo de que ele próprio beneficiou.

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  5. Ai Pablo, mas aí já se está a mudar de assunto. Ninguém aqui defende o facilitismo, aliás até costumo gozar e dizer que qualquer dia se recebe o doutoramento no dia de entrada para a escola primária. Isso são outros quinhentos.

    Falo de formação e ensino superior, na convicção que mais anos de estudo (mesmo que fraquinho) terão como fruto maior conhecimento que menos anos de estudo.

    E esta merda desta conversa começou toda porque lamentei o facto de cada vez que volto a portugal, à pequena terra onde cresci, e me encontro com os meus amigos, num grupo de 10 ou 15 eu seja a única que tem curso superior, e se calhar 50% não acabou o liceu, coisa que, nunca, até hoje, aqui na holanda, ou nos estados unidos me aconteceu, porque no geral as pessoas estudam mais, e os grupos são mais heterogéneos, sendo que ter um curso não é uma excepção.

    E se volto a ter de explicar esta merda outra vez, juro que corto os pulsos. (se leres os quase 60 comentários do post em questão, podes saber a minha opinião mais detalhadamente, e repetida várias vezes)

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  6. Eu percebi a tua posição, apenas digo que as coisas se devem fazer com tempo e com exigência. Não é possível mudar tanto em meia dúzia de anos.

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