Quando peguei na temática da educação, estava longe de pensar que iria causar tanta polémica. Convicta, santa ingenuidade, de que qualquer pessoa com dois dedos de testa concordaria que mais educação, incluindo a superior, era, no geral, uma coisa boa, reconhecendo a sua importância para o desenvolvimento do país. Não contava era com tanta gente centrada no seu próprio umbigo e agarrada à avozinha com a segunda classe, determinada em provar, desesperadamente, contra toda a lógica, e como se disso dependesse a honra de toda a família, que não são menos que ninguém por lhes faltarem os estudos de que dizem não precisar. Nem com pessoas que, não entendendo a questão enquanto visão global, reagissem tão emotivamente, como se de um ataque pessoal se tratasse. Ou que, sentindo-se atingidas e despeitadas, tivessem necessidade de se defender, e cegamente entrassem em exercícios de comparação inúteis, insistindo em mostrar-se a todo o custo melhor que muitos, fazendo verdadeiras odes à falta de estudos, a apologia da escolaridade mínima, quase só faltando dizer que quanto menos se estuda mais se sabe, sem perceber que não era disso que se tratava. Nunca foi. A questão é a necessidade real de mais gente com formação superior, pois estamos de facto atrás do resto da Europa, e por mais que a formação profissional seja importante, não é com ela que se conseguem mais médicos, professores, cientistas, engenheiros. E mesmo que um curso universitário por si não garanta conhecimento, a falta dele muito menos, e para muitas áreas não há alternativa melhor. E não me venham dizer que querem ser atendidos por médicos com o 12º ano, ou engenheiros a construir pontes com um certificado de formação profissional. É disto que se trata, e não do valor individual de cada um. Estudar não serve para tornar ninguém melhor que os outros. Serve para nos tornar melhores que nós próprios. E quanto mais, melhor, independentemente do grau que se atinge.