27 de setembro de 2009

That crazy girl

Ao longo da vida conhecemos algumas pessoas improváveis, em situações ainda mais improváveis, com quem vivemos alguns episódios algo surreais, e cujo comportamento constitui de tal forma um puzzle que, apesar da efemeridade e leveza do encontro, nos deixam uma marca pela forma como nos baralharam o sistema. São "aquele/a maluco/a" que nunca conseguimos descodificar, e de quem falamos aos amigos começando com um "nem imaginas o que me aconteceu, conheci uma pessoa que...", geralmente acabando por ficar apenas como mais uma história engraçada para contar entre copos e confissões. Hoje, inesperadamente, voltei a ver alguém que não via há uns meses, e que não esperava de todo voltar a encontrar. Julgava-o algures na Indonésia, para onde sabia ter ido trabalhar, ou quiçá de volta a África. Estava com uma nova namorada. Vi-o assim que cheguei, mas fui conseguindo evitá-lo, falando com outras pessoas e circulando cuidadosamente fora do seu campo de visão, durante uma boa meia agora, até que senti uma mão no ombro. Oh fuck... Perguntou-me se não o queria convidar a ir fumar um cigarro lá fora. Acedi. Small talk, um "you look happier now", fingindo estarmos à vontade. Acabou por me dizer, depois de tanto tempo, que lhe tinha ficado no goto como "that crazy girl", de quem tinha falado aos amigos e tudo. Sempre me achei normal de mais para poder ser a crazy person de alguém, e com tanta sinceridade (e, convenhamos, razoabilidade) não pude conter uma gargalhada, acabando ambos a rir, finalmente livres do peso. Mal sabe que a ele me refiro como o Juan Antonio. That crazy bastard.

3 comentários:

  1. É engraçado que, por vezes, esses acontecimentos do acaso são os que ficam na nossa memória mais tempo. Vai-se lá saber porquê..

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  2. ... isso podia ser o romance do ano.
    O racional não presta.

    M.

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