Percebi-te. O que queria dizer é que os trabalhos dele estarão sempre envolvidos pela aura da sua persona politica e pelo culto da mesma por parte dos seus militantes, justa ou injustamente. Não imagino alguém a adquirir desenhos do Alvaro Cunhal sem ter uma simpatia pessoal pelo homem e pelo politico. Eu sou simpatizante, mas não eleitor do partido.
Acho que a grande maioria das pessoas da geração dos nossos pais se divide essencialmente em 2 facções: os de esquerda, simpatizantes da revolução e de Cunhal, mesmo que não sejam do partido e nele não votem; os da direita conservadora e reaccionária, simpatizantes do antigo regime e que, como tal, detestam Cunhal e tudo o que ele representa. Sendo os meus pais pertencentes ao primeiro grupo, a aquisição da colecção de gravuras representa o respeito e simpatia por uma figura que resistiu, lutou contra o regime, esteve preso e exilado, e quer se queira quer não, é um dos principais responsáveis pela queda da ditadura. E isso é de louvar, mesmo que não se concorde com todo o percurso político posterior.
E é também trazer comigo um pouco de história, lembrar que existiu uma ditadura, mortos, presos políticos, e resistentes. E estes desenhos da prisão, que sem nenhuma desta simbologia são lindíssimos, tornam-se ainda mais bonitos se os pensarmos como a forma de manter um espírito livre, mesmo em cativeiro.
Luna, não leva a mal que no rebanho dos seus seguidores haja uma ovelha ronhosa, contestatária, que é aqui o je? A prova é que, na minha opinião, nem "uma grande maioria das pessoas da geração dos nossos pais se divide essencialmente em 2 facções etc."; nem Cunhal foi "um dos principais responsáveis pela queda da ditadura." E isto porque na geração dos seus pais, a que pertenço, havia entre reacconários e comunistas uma larga camada (a que se chamava, no jargão da época, o “contra”) que no pós-Abril veio a integrar uma parte do PS, o PSD e uma parte do CDS. Quer dizer que não havia duas facções, havia quatro: as que indica mais os contras mais os indiferentes. Quanto à queda da ditadura a história factual, não mitológica, do 25 de Abril, não autoriza muitas dúvidas: o regime caiu porque o exército (em particular a sua componente miliciana) se cansou de uma guerra aparentemente sem fim à vista e crescentemente exigente em comissões de serviço. Cunhal desempenhou um grande papel ... depois. Claro que o depois nunca teria sido o mesmo se antes do 25/4 muitos não tivessem mantido acesa a chama da contestação e é claro também que no MFA se enxertaram muitas influências que haviam nascido na oposição presa, emigrada ou latente. E aqui o PCP e Cunhal fazem parte incontornável do séc. XX Português. Daí a atribuir-lhes um grande papel na queda do regime do Estado Novo ...
obviamente que tem razão, mas como há de calcular, não era a minha ideia fazer uma análise política exaustiva de todas as facções existentes na altura para explicar o porquê de ter estas gravuras, pelo que optei por uma simplificação. Simplificação essa que associava uma certa simpatia pela figura de Cunhal e respeito pela importância que teve na resistência ao regime, que teve sim muita influência na sua queda, ainda que indirectamente - sim, eu sei que foram as forças armadas, às quais o meu pai por acaso até pertencia - e que essa simpatia e respeito que não implicam que se seja militante do PCP, mas, grosso modo, de esquerda (ou centro direita, embora na altura ainda nâo existissem os partidos como hoje conhecemos) e pró 25 de Abril. Pronto, era só isto, que não sou analista política nem de todo era essa a ideia do post.
Era só mesmo mostrar as gravuras de que mais gosto.
Só quero mesmo agradecer o facto de me teres dado a conhecer estas gravuras. Não as conhecia, nem fazia a mínima ideia deste "talento" do Cunhal. Gostei muito. Obrigada.
as mulheres... escolheria as mulheres, apesar de sentadas estão prontas a sair a qualquer momento, há uma acção enorme nesta posição estatica e espectante.
Gosto particularmente do primeiro!
ResponderEliminarBeijinhos
Isso é que é amor ao partido ;)
ResponderEliminarNão sou do partido, mas isso não me impede de achar estas gravuras lindíssimas, nem de me fazer lembrar a minha casa, onde estão penduradas algumas.
ResponderEliminarPercebi-te.
ResponderEliminarO que queria dizer é que os trabalhos dele estarão sempre envolvidos pela aura da sua persona politica e pelo culto da mesma por parte dos seus militantes, justa ou injustamente.
Não imagino alguém a adquirir desenhos do Alvaro Cunhal sem ter uma simpatia pessoal pelo homem e pelo politico.
Eu sou simpatizante, mas não eleitor do partido.
Acho que a grande maioria das pessoas da geração dos nossos pais se divide essencialmente em 2 facções: os de esquerda, simpatizantes da revolução e de Cunhal, mesmo que não sejam do partido e nele não votem; os da direita conservadora e reaccionária, simpatizantes do antigo regime e que, como tal, detestam Cunhal e tudo o que ele representa.
ResponderEliminarSendo os meus pais pertencentes ao primeiro grupo, a aquisição da colecção de gravuras representa o respeito e simpatia por uma figura que resistiu, lutou contra o regime, esteve preso e exilado, e quer se queira quer não, é um dos principais responsáveis pela queda da ditadura. E isso é de louvar, mesmo que não se concorde com todo o percurso político posterior.
E é também trazer comigo um pouco de história, lembrar que existiu uma ditadura, mortos, presos políticos, e resistentes. E estes desenhos da prisão, que sem nenhuma desta simbologia são lindíssimos, tornam-se ainda mais bonitos se os pensarmos como a forma de manter um espírito livre, mesmo em cativeiro.
ResponderEliminarDecididamente o das duas mulheres.
ResponderEliminarGosto muito do primeiro =)
ResponderEliminarGosto muito do último :)
ResponderEliminarLuna, não leva a mal que no rebanho dos seus seguidores haja uma ovelha ronhosa, contestatária, que é aqui o je? A prova é que, na minha opinião, nem "uma grande maioria das pessoas da geração dos nossos pais se divide essencialmente em 2 facções etc."; nem Cunhal foi "um dos principais responsáveis pela queda da ditadura." E isto porque na geração dos seus pais, a que pertenço, havia entre reacconários e comunistas uma larga camada (a que se chamava, no jargão da época, o “contra”) que no pós-Abril veio a integrar uma parte do PS, o PSD e uma parte do CDS. Quer dizer que não havia duas facções, havia quatro: as que indica mais os contras mais os indiferentes. Quanto à queda da ditadura a história factual, não mitológica, do 25 de Abril, não autoriza muitas dúvidas: o regime caiu porque o exército (em particular a sua componente miliciana) se cansou de uma guerra aparentemente sem fim à vista e crescentemente exigente em comissões de serviço. Cunhal desempenhou um grande papel ... depois. Claro que o depois nunca teria sido o mesmo se antes do 25/4 muitos não tivessem mantido acesa a chama da contestação e é claro também que no MFA se enxertaram muitas influências que haviam nascido na oposição presa, emigrada ou latente. E aqui o PCP e Cunhal fazem parte incontornável do séc. XX Português. Daí a atribuir-lhes um grande papel na queda do regime do Estado Novo ...
ResponderEliminarJMG
ResponderEliminarobviamente que tem razão, mas como há de calcular, não era a minha ideia fazer uma análise política exaustiva de todas as facções existentes na altura para explicar o porquê de ter estas gravuras, pelo que optei por uma simplificação. Simplificação essa que associava uma certa simpatia pela figura de Cunhal e respeito pela importância que teve na resistência ao regime, que teve sim muita influência na sua queda, ainda que indirectamente - sim, eu sei que foram as forças armadas, às quais o meu pai por acaso até pertencia - e que essa simpatia e respeito que não implicam que se seja militante do PCP, mas, grosso modo, de esquerda (ou centro direita, embora na altura ainda nâo existissem os partidos como hoje conhecemos) e pró 25 de Abril. Pronto, era só isto, que não sou analista política nem de todo era essa a ideia do post.
Era só mesmo mostrar as gravuras de que mais gosto.
São todas lindas mas a segunda tem um quê de angústia, de Portugal antigo, de sentimento de repressão que me fascina mais.
ResponderEliminarTalvez sejam os olhos.
A primeira, pra te lembrar que podes abarcar o mundo num abraço, que nunca vais estar sozinha e que não voltas a comer pizza congelada nos teus anos.
ResponderEliminarSó quero mesmo agradecer o facto de me teres dado a conhecer estas gravuras. Não as conhecia, nem fazia a mínima ideia deste "talento" do Cunhal. Gostei muito. Obrigada.
ResponderEliminarSe tivesse tido tempo para escolher trazia todos, paz.
ResponderEliminaras mulheres...
ResponderEliminarescolheria as mulheres, apesar de sentadas estão prontas a sair a qualquer momento, há uma acção enorme nesta posição estatica e espectante.