"José Saramago diz que Deus deveria ter vedado a macieira com rede. A afirmação evidencia que Saramago não percebe nada de Deus, não percebe nada da Bíblia, nada da religião cristã nem percebe nada da liberdade do Homem. Perante isto, insisto, o assunto não merece mais discussão." no Mar Salgado
E eu diria que o que se evidencia é que não percebem nada de Saramago. Nem de ironia.
Era rede ou arame farpado?
ResponderEliminarMau, mau, foi quando o Saramago afirmou que Deus criou o mundo em seis dias, descansou ao sétimo e que desde então não tem feito nada. Não ouvi dizer, assisti a isto. Se fosse crente, e conhecedora de um mínimo da bíblia, esta demonstração de ignorância (não, não era ironia... ou então ainda ironiza pior que a MFL) doía-me.
ResponderEliminarComo ateia, parece-me que Saramago tem uma pedra no sapato com Deus, e no fundo acredita que ele exista. Nenhum ateu fala de Deus como ele o fez. Para nós, simplesmente não existe, pelo que toda a Bíblia é uma obra de ficção (embora admirável, admito), e não mandamos bocas ao que Deus fez ou deixou de fazer. E que por acaso foi muito, que todo o antigo testamento é um relato sobre um Deus intervencionista, só com Cristo passou a agir através de procurador.
Enfim, o debate com Carreira das Neves (que até foi muito educado e respeitador, em não desmascarar mais abertamente a ignorância e falácia das ideias de Saramago) foi confrangedor.
Saramago tem obra feita, já produziu muitos e bons livros, mas de uns anos a esta parte perdi-lhe o gosto, e há uma semanita que lhe venho perdendo o respeito, sinceramente.
Er... assim de repente... o que é que Deus fez depois do sétimo dia?
ResponderEliminarBom, fartou-se de conversar e dar instruções a figuras importantes, como Abrão e Moisés. Segundo o AT, foi Deus quem elaborou e entregou a Moisés as tábuas dos dez mandamentos, com a lei fundamental (tipo a constituição da época), e já antes disso "inspirou" todas as acções de Moisés, para além de ter determinado o curso da história dos judeus, lançando as pragas sobre o Egipto, abrindo o Mar Vermelho à sua fuga, e por aí fora.
ResponderEliminarE temos também as bonitas histórias dos castigos divinos, tipo Sodoma e Gomorra, já para não falar daquela vez em que achou a sua criação (homem) andava tão mal que mais valia começar de novo, vai daí mandou o Noé construir a arca para se salvar e à sua família (parece que eram boas pessoas) e mais um casal de cada espécie, e criou o dilúvio, que extinguiu todos os outros seres humanos.
Era um Deus claramente intervencionista, que não só lançava os dados como viciava o jogo, sempre que isso lhe parecia bem.
Já Deus do NT, para além dos milagres (que davam uma certa ajudita à credibilidade do filho, que ele pp mandou, para espalhar a sua palavra e por ela ser sacrificado), aparece pouco.
Em quase todas essas histórias Deus foi um bocado mauzito não?
ResponderEliminarDiria mesmo que foi muito pouco divino (blasfémia!).
ResponderEliminarNão agora a sério: depende do ponto de vista, e aqui é que se vê como a bíblia é uma leitura interessante do ponto de vista histórico (história dos povos e da imagem do divino que tinham, entenda-se, que eu não acho que a bíblia seja um manual de história).
Do ponto de vista do povo escolhido, criado por deus à sua imagem e semelhança, guiado por este para a terra prometida, claro que todos estes actos eram mais que justificados, porque Deus apenas cumpria a sua vontade e protegia os seus fiéis - os verdadeiros, claro.
Era tipo um pai mal disposto, que não se ensaiava em passar os filhos a chicote se se portassem mal, mas tb não deixava que mais ninguém lhes tocasse, que ai deles.
Agora o que Saramago pretende transmitir é que a bíblia é uma verdade histórica para todos os crentes, que olham todos os episódios nela relatados como verdades incontestáveis. E acho que isso é um atestado de estupidez arrogante e injusto à maioria dos crentes. Que os há tapados, mas felizmente já são uma minoria (também são os que gritam mais alto, daí darem a aparência de que são muitos).
Não contesto o direito de ele dizer o que bem entende, é um direito que tem. Mas que anda a fazer uma figura de velhote esclerosado e taralhouco, isso anda. O que me entristece, como antiga admiradora e ateia, tenhjo que dizer.
Agora polémica à parte, apesar de ateia, gostei muito da visão que o padre Carreira das Neves (que defrontou Saramago no debate de sexta-feira na SIC) tem da Bíblia. Acho que se todos a interpretassem como ele (para quem a Bíblia é apenas uma obra de literatura, escrita por escritores - passo o pleonasmo - para passar uma mensagem, não sendo as histórias contadas necessariamente verdadeiras) haveria menos problemas no mundo.
ResponderEliminar