26 de outubro de 2009

Ou porque não sobre o xamanismo?

Outro dos disparates que tenho também lido por aí, aparentemente pertinente para algumas pessoas, e a que acho particularmente graça, prende-se com o facto de Saramago não escrever sobre o Corão. A sério, estão mesmo a falar a sério quando perguntam porque é que ele não escreve sobre outras religiões? Mas porque carga de água é que o senhor haveria de querer ir escrever sobre o Corão? Acaso nasceu num país árabe, ou, tchanan, num país maioritariamente católico e culturalmente influenciado pela tradição judaico-cristã? Acaso conhece suficientemente bem a cultura muçulmana para se dispôr a ir estudar-lhe o livro? As pessoas tendem a escrever sobre o que conhecem e as rodeia, e mesmo um ateu não deixa de ser influenciado pelas tradições religiosas do país em que vive, que se reflectem em toda a cultura, desde os rituais, às classes sociais, ao sexo, aos valores, às leis. É daquele tipo de argumentaçãozinha a que dá mesmo de responder com uma valente "duh?!".

6 comentários:

  1. De facto há gente muito tola!!! Se o tipo é escritor parte-se do princípio que escreve sobre o que lhe apetece, nem que seja sobre a "Santinha da Ladeira"! É claro que dependendo do tema e da qualidade, vende mais ou menos livros, mas não estou a ver porque motivo enquanto escritor de ficção, inspirada em factos "reais" ou não, tenha que ser isento ou equitativo... Alguém reclamou de ter escrito sobre o convento de Mafra e não ter escrito sobre o de Santa Clara a Velha?!?

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  2. Que parvoice. Ate parece que nao ha nada mais importante neste pais. Ninguem quer saber do desemprego, do ambiente ou da economia, e melhor passar o dia a criticar Saramago. Que triste.

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  3. É pá Sr. Dona Luna que irritada anda com a questão Saramago!

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  4. Ando, não se fala noutra coisa em tudo o que é blogue que leio. E depois sabes que a estupidez me irrita muito, é um problema. :)

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  5. Mora para os lados do conde redondo, amor.

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  6. Muitas afirmações que questionam as razões do Saramago em não escrever sobre o Corão deixam subentendido o tema da coragem ou falta dela para afrontar e sofrer possíveis consequências (na integridade física), como se fosse esse o objectivo. Como se o desafiassem: "Com os mais perigosos não te metes tu...".

    Os assuntos aparecem misturados. Não se poder falar dos muçulmanos, da Camorra, dos ciganos ou do puto que aterroriza o recreio da escola, por recear que a força dos argumentos seja esmagada perante o argumento da força, é outro campeonato.

    No entanto, o Saramago também declarou:

    "Há pessoas que dizem que tenho coragem. Não sou cobarde, mas a segunda razão forte para ter escrito é que já não há fogueiras [da Inquisição]".

    “O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!”.

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