22 de outubro de 2009

Uma pessoa especial

Tenho um amigo que, confrontado com a descoberta de uma doença genética hereditária rara, homozigótica, que o obrigará a tomar medicamentos toda a vida, costumava dizer, com sentido de humor, que sempre soubera que era muito especial e raro, mas que só então soube o quanto. Ora, também eu sou especial, não por uma doença genética hereditária, mas por uma alergia, que de tão incomum, faz com que a maioria das pessoas em geral, e a minha médica de clínica geral em particular, olhem para mim com a incredulidade de quem pensa "coitada, está maluca", sempre que me arrisco a afirmar que tenho alergia ao frio. O problema terá começado há coisa de cinco ou seis anos, manifestando-se sempre que estava exposta prolongadamente ao frio. Começava na zona das articulações, primeiro um ligeiro rubor, depois uma inflamação, até culminar num ataque de urticária. Dado que o fenómeno era esporádico e nunca ninguém ligou nenhuma às minhas queixas, até porque a alergia desaparece rapidamente após o fim da exposição, esqueci mais ou menos o assunto, até ao ano passado, quando ao sair da água depois de um banho de mar uma amiga exclamou "ah, foste picada por uma alforreca!" e toda eu era um pequeno mutante da cintura para baixo. Decidi investigar, e a alergia de facto existe, com direito a página da wikipédia e tudo. Os meus amigos, sempre amorosos, e convictos de que era coisa da minha cabeça, obrigaram-me a fazer o teste diagnóstico descrito, que consistia em pôr um cubo de gelo no antebraço durante cerca de cinco minutos, experiência que não recomendo, por não ser particularmente agradável. Só quando o braço começou a empolar acreditaram em mim. As recomendações para quem sofre desta alergia consistem, essencialmentem, em mantermo-nos quentes, e em caso algum achar boa ideia dar um mergulhinho no ártico, ou resolver ir subir o everest, só para ver como é, sob o risco de se morrer de choque anafilático. Mas isto tudo para dizer que, como hão de calcular, a Holanda é um país maravilhoso para se viver quando se faz alergia ao frio, e se anda 5 km por dia de bicicleta. Menos mal que é maioritariamente por contacto, pelo que bons agasalhos, luvas, gorros, etc., ajudam a prevenir a reacção na sua quase totalidade. Tirando na única zona que não dá para tapar. Pois, a cara. O ser especial, por vezes, é uma grande merda.

17 comentários:

  1. Eu também sou uma dessas raridades. Mas a minha urticária é solar. Fantástico!

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  2. Ve as coisas do lado positivo! Eu conheci uma senhora que alem de alergia ao frio tinha tambem alergia ao calor! Em Portugal! Imagina! :p

    Qto 'a cara, que tal oculos de neve e um cachecol a tapar todo o resto?

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  3. Loool Bem se fosse alergia ao sol era pior. Mas lá está, Holanda então, pois..não foi uma boa escola :P

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  4. Costumo tapar o máximo com o cachecol - apesar do desagradável que é respirar para o cachecol enquanto se anda de bina. Mas as macãs do rosto, são difíceis de esconder, e volta e meia lá me aparecem as borbulhinhas bonitas... (o que vale é que passa em 20 ou 30 min)

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  5. Usa uma das mascaras dos Slipknot, até dá jeito agora pelo Halloween.

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  6. eu em Milão costumava usar estas http://www.repubblica.it/2008/08/olimpiadi/gallerie/ciclisti-pechino/ciclisti-pechino/afp135551130608085114_big.jpg contra a poluição, mas tenho de admitir que nunca soffri o frio :D

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  7. nunca tinha ouvido falar disso... :O

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  8. O que é que antigamente passavam na pele para se manter quente...? Ah era banha!...
    É só uma ideia :P

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  9. Por acaso não é uma alergia assim tão incomum. Conheço duas pessoas (sem laços de sangue com essa alergia, mais especificamente, uma tem alergia ao frio, a outra tem à mudança brusca de temperatura.

    Não percebo a reacção da tua médica... Um bocadinho ignorante ela.

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  10. Super comum mesmo... Tanto que os estudos epidemiológicos dizem que a probabilidade de ocorrer ao longo da vida é de cerca de 0.026%. Ou seja, em cerca de 3 pessoas por cada 10 000. Ora, conheceres logo duas, a quem já ocorreu, e que ainda por cima to tenham dito, rapariga, tu vai-me já jogar no totoloto.

    (A médica era de clínica geral, não alergologista, logo não tinha obrigação de conhecer todos os tipos de urticária física, especialmente quando não havia sintomas para mostrar)

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  11. Pra somar à estranheza...sou alérgica às contracções de frio/calor. Melhor dito, às grandes amplitudes térmicas que ocorrem em pouco tempo. Fico com bolhinhas nas mãoes e já tive tb na canela da perna, mas passou. No inverno fico sempre com as mãos uma miséria. Depois mostro-te pq a mim dura-me bastante tempo... bjs

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  12. Mas isso das mãos não é alergia ao frio, e é bastante comum, geralmente provocado por má circulação causada pelo frio. Eu estou a falar de uma coisa que aparece de repente, numa grande erupção, depois de se ter dado um mergulho no mar quando estão 30 graus cá fora, ou quando se faz 10 min de bicicleta com temperaturas baixas, e que volta a desaparecer quando a exposição acaba, como se nada fosse.

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  13. olá Luna. costumo ler o teu blog... este post pedia mesmo o meu comentário: deixa lá, eu sou alérgica ao meu próprio suor... lol xoxo

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  14. Olá! Pois que a minha irmã tbm sofre dessa alergia, e logo ela que adora mar e toda a vida tomou banho de mar em Sesimbra onde a água é friazinha.
    Contudo, ela não faz borbulhinhas, faz mesmo bolhas duras pelo corpo todo, barriga, braços, mãos, pescoço, tudo tem que ser rapidamente limpo com vigor para fazer circular o sangue, senão... desmaia e deixa de respirar.... à piores sem dúvida, mas esta alergia é uma bela treta também...

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  15. Estás tramada. Precisas de um beijoqueiro de serviço, está visto.

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  16. Pois, também eu sofro dessa alergia às mudanças de temperatura de que falavam acima. No meu caso, urticária e borbulhas mesmo antes de começar a Primavera. Não tem nada a ver com pólens, é mesmo climático.

    Felizmente, tem vindo a atenuar-se com o tempo (e talvez tenha desistido de mim quando me mudei para o clima mais instável do Porto).

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