24 de janeiro de 2010

Descubra as diferenças

Haiti. Foto BBC.


Entre isto e aquilo.

10 comentários:

  1. Não há diferenças.

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  2. Provavelmente devo estar com algum defeito de visão, mas para mim a diferença é absoluta. Mas serei apenas eu? Repare-se, se no trabalho de Bansky se vê uma criança perdida e angustiada no meio dos destroços não sendo de imediato socorrida e observando-se até os para-médicos a serem impedidos de chegar até ela antes que os repórteres fotográficos façam o seu trabalho (enfim, mau trabalho no caso retratado pela mão do artista), a foto que aqui vemos sugere uma mulher a acabar de ser socorrida e que está na altura a ser alvo de cuidados aproveitando então os foto-jornalistas para captarem um importante momento não só para a vida daquela mulher (acaba de ser salva, lembro) e para o esforço e trabalho das equipas de salvação. Repito: diferenças? Todas.

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  3. A mulher que acaba de ser salva, depois de dias sem comer, beber, soterrada, suja, possivelmente toda mijada, muito provavelmente, digo eu, desejaria tudo menos estar rodeada de 20 fotófrafos e comer em paz, conseguindo ser assistida medicamente com alguma privacidade. A fotografia não é importante para ela, mas para eles, que a vão vender. Veja-se mesmo o ar do paramédico, meio incrédulo com aquele circo montado. O quadro de banksy retrata isso mesmo: o interesse da vítima é menos importante face ao que a boa fotografia que pode render. E é nisso que não há diferença: na exploração comercial da tragédia.

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  4. Luna, quando se trata de dar a minha opinião sobre algo o que menos me interessa é fazer valer as minhas razões sobre o outro, neste caso sobre ti, sobre as tuas razões. Apenas te adianto, como se tu não soubesses, que o jornalista é um profissional e merece ser pago pelo seu trabalho; e o jornal tem que vender para ser viável. No entanto, isto não é o vale tudo e existe um código deontológico do jornalismo. E na foto que aqui deixaste não vejo esse código a ser violado. Se a fotografia interessa à vítima? Suponho que não mas será que é isso que está aqui em causa? O direito à informação é um bem consignado pelas diferentes organizações internacionais, blá, blá!... E os direitos da vítima, que também os tem, não me pafrece terem sido escamoteados. Não conheço a foto que certamente está legendada. Mas o que me parece inquestionável é que o mundo ficou a saber que os esforços das equipas de salvação são recompensados com situações como a noticiada.

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  5. A ética do bom jornalismo (entre outras) deveria ter denunciado há muito que o Haiti era um dos países mais pobres do mundo e dos piores onde se viver, não somente dar-lhe atenção quando um terramoto vale uma sequência de money shots à borla.

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  6. Parece-me ser um mal da sociedade e não apenas (mas também) dos jornalistas que ali estão. A necessidade da sociedade no geral que compra revistas, jornais e vê telejornais que divulgam semelhantes imagens, leva a que cenas como estas aconteçam. Ou o facto de elas existirem faz com que a sociedade tenha mais necessidade delas? O ovo ou a galinha, quem surgiu primeiro?, não interessa, o resultado é este. Sabem o que me faz espécie? Se a comida e a água não chegam às populações porque a ajuda humanitária não consegue entrar no país, do que vivem estes (e tantos, tantos outros)jornalistas? Têm prioridade no acesso à comida sobre os que não têm tecto, os que não têm dinheiro, os que não sabem se (ainda) têm família?

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  7. É triste sim, mas quantos de nós não alimentam esse circo montado pelos jornalistas?

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  8. tudo pela melhor fotografia...

    Catherine

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