Provavelmente devo estar com algum defeito de visão, mas para mim a diferença é absoluta. Mas serei apenas eu? Repare-se, se no trabalho de Bansky se vê uma criança perdida e angustiada no meio dos destroços não sendo de imediato socorrida e observando-se até os para-médicos a serem impedidos de chegar até ela antes que os repórteres fotográficos façam o seu trabalho (enfim, mau trabalho no caso retratado pela mão do artista), a foto que aqui vemos sugere uma mulher a acabar de ser socorrida e que está na altura a ser alvo de cuidados aproveitando então os foto-jornalistas para captarem um importante momento não só para a vida daquela mulher (acaba de ser salva, lembro) e para o esforço e trabalho das equipas de salvação. Repito: diferenças? Todas.
A mulher que acaba de ser salva, depois de dias sem comer, beber, soterrada, suja, possivelmente toda mijada, muito provavelmente, digo eu, desejaria tudo menos estar rodeada de 20 fotófrafos e comer em paz, conseguindo ser assistida medicamente com alguma privacidade. A fotografia não é importante para ela, mas para eles, que a vão vender. Veja-se mesmo o ar do paramédico, meio incrédulo com aquele circo montado. O quadro de banksy retrata isso mesmo: o interesse da vítima é menos importante face ao que a boa fotografia que pode render. E é nisso que não há diferença: na exploração comercial da tragédia.
Luna, quando se trata de dar a minha opinião sobre algo o que menos me interessa é fazer valer as minhas razões sobre o outro, neste caso sobre ti, sobre as tuas razões. Apenas te adianto, como se tu não soubesses, que o jornalista é um profissional e merece ser pago pelo seu trabalho; e o jornal tem que vender para ser viável. No entanto, isto não é o vale tudo e existe um código deontológico do jornalismo. E na foto que aqui deixaste não vejo esse código a ser violado. Se a fotografia interessa à vítima? Suponho que não mas será que é isso que está aqui em causa? O direito à informação é um bem consignado pelas diferentes organizações internacionais, blá, blá!... E os direitos da vítima, que também os tem, não me pafrece terem sido escamoteados. Não conheço a foto que certamente está legendada. Mas o que me parece inquestionável é que o mundo ficou a saber que os esforços das equipas de salvação são recompensados com situações como a noticiada.
A ética do bom jornalismo (entre outras) deveria ter denunciado há muito que o Haiti era um dos países mais pobres do mundo e dos piores onde se viver, não somente dar-lhe atenção quando um terramoto vale uma sequência de money shots à borla.
Parece-me ser um mal da sociedade e não apenas (mas também) dos jornalistas que ali estão. A necessidade da sociedade no geral que compra revistas, jornais e vê telejornais que divulgam semelhantes imagens, leva a que cenas como estas aconteçam. Ou o facto de elas existirem faz com que a sociedade tenha mais necessidade delas? O ovo ou a galinha, quem surgiu primeiro?, não interessa, o resultado é este. Sabem o que me faz espécie? Se a comida e a água não chegam às populações porque a ajuda humanitária não consegue entrar no país, do que vivem estes (e tantos, tantos outros)jornalistas? Têm prioridade no acesso à comida sobre os que não têm tecto, os que não têm dinheiro, os que não sabem se (ainda) têm família?
Incrivel. NC.
ResponderEliminarA Elite
Não há diferenças.
ResponderEliminarProvavelmente devo estar com algum defeito de visão, mas para mim a diferença é absoluta. Mas serei apenas eu? Repare-se, se no trabalho de Bansky se vê uma criança perdida e angustiada no meio dos destroços não sendo de imediato socorrida e observando-se até os para-médicos a serem impedidos de chegar até ela antes que os repórteres fotográficos façam o seu trabalho (enfim, mau trabalho no caso retratado pela mão do artista), a foto que aqui vemos sugere uma mulher a acabar de ser socorrida e que está na altura a ser alvo de cuidados aproveitando então os foto-jornalistas para captarem um importante momento não só para a vida daquela mulher (acaba de ser salva, lembro) e para o esforço e trabalho das equipas de salvação. Repito: diferenças? Todas.
ResponderEliminarA mulher que acaba de ser salva, depois de dias sem comer, beber, soterrada, suja, possivelmente toda mijada, muito provavelmente, digo eu, desejaria tudo menos estar rodeada de 20 fotófrafos e comer em paz, conseguindo ser assistida medicamente com alguma privacidade. A fotografia não é importante para ela, mas para eles, que a vão vender. Veja-se mesmo o ar do paramédico, meio incrédulo com aquele circo montado. O quadro de banksy retrata isso mesmo: o interesse da vítima é menos importante face ao que a boa fotografia que pode render. E é nisso que não há diferença: na exploração comercial da tragédia.
ResponderEliminarAbutres
ResponderEliminarLuna, quando se trata de dar a minha opinião sobre algo o que menos me interessa é fazer valer as minhas razões sobre o outro, neste caso sobre ti, sobre as tuas razões. Apenas te adianto, como se tu não soubesses, que o jornalista é um profissional e merece ser pago pelo seu trabalho; e o jornal tem que vender para ser viável. No entanto, isto não é o vale tudo e existe um código deontológico do jornalismo. E na foto que aqui deixaste não vejo esse código a ser violado. Se a fotografia interessa à vítima? Suponho que não mas será que é isso que está aqui em causa? O direito à informação é um bem consignado pelas diferentes organizações internacionais, blá, blá!... E os direitos da vítima, que também os tem, não me pafrece terem sido escamoteados. Não conheço a foto que certamente está legendada. Mas o que me parece inquestionável é que o mundo ficou a saber que os esforços das equipas de salvação são recompensados com situações como a noticiada.
ResponderEliminarA ética do bom jornalismo (entre outras) deveria ter denunciado há muito que o Haiti era um dos países mais pobres do mundo e dos piores onde se viver, não somente dar-lhe atenção quando um terramoto vale uma sequência de money shots à borla.
ResponderEliminarParece-me ser um mal da sociedade e não apenas (mas também) dos jornalistas que ali estão. A necessidade da sociedade no geral que compra revistas, jornais e vê telejornais que divulgam semelhantes imagens, leva a que cenas como estas aconteçam. Ou o facto de elas existirem faz com que a sociedade tenha mais necessidade delas? O ovo ou a galinha, quem surgiu primeiro?, não interessa, o resultado é este. Sabem o que me faz espécie? Se a comida e a água não chegam às populações porque a ajuda humanitária não consegue entrar no país, do que vivem estes (e tantos, tantos outros)jornalistas? Têm prioridade no acesso à comida sobre os que não têm tecto, os que não têm dinheiro, os que não sabem se (ainda) têm família?
ResponderEliminarÉ triste sim, mas quantos de nós não alimentam esse circo montado pelos jornalistas?
ResponderEliminartudo pela melhor fotografia...
ResponderEliminarCatherine