Revi-me em Vicky durante quase todo o filme, mas especialmente em certos momentos, como a cena do tiro. O tiro, ao contrário do que possa parecer, não aparece por acaso. O tiro é a salvação. É o destino a repor a ordem natural das coisas. É o que abruptamente a traz de volta à realidade, funcionando como pretexto, subitamente desejado, para a tirar daquele filme, a que não pertence, nem quer pertencer. Quis sim, num momento de fraqueza e delírio romântico, mas não mais. Nunca levei um tiro, mas já vi sinais semelhantes. Aqueles que nos lembram que nós não fazemos "estas coisas", porque é contra a nossa natureza, e que ousar trangredi-la em momentos de impulso dá merda. E que não há volta a dar nem vale a pena lutar contra isso. It's not meant to be. E é nessa altura que a frase "o que é que eu estou aqui a fazer" nos assalta e percebemos que há que saber aceitar que as coisas são como são e retirarmo-nos de cena. Discretamente, sem fazer barulho, para não incomodar. Até porque não temos nada a ver com isso. (publicado a 27/02/09)
Hoje, como ontem, continuo a sentir o mesmo.
Quem sou eu para comentar (venho cá muitas vezes, poucas são as que comento, porque em muitas delas não há mais nada a dizer), mas realmente não há muitas pessoas por aí na blogosfera a escrever com esta genuidade, com esta clareza, com esta simplicidade tão acertiva. Parabéns, Luna. Não só por este post em especial mas por todo o blogue.
ResponderEliminarE já agora, ao contrário de meio mundo, eu adorei o Vicky Cristina Barcelona. É um filme que é preciso entender para se gostar, just that.
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Oh Luna, como tu escreves bem!
ResponderEliminarHoje, ao contrário de ontem, começo a sentir isso mesmo.
ResponderEliminarPois, eu tb fiz esse filme no final desta minha recente relação. Mas agora, estou a sair de fininho, sem barulho... Como sei...
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