17 de novembro de 2011

Desenvolvimento e um bocadinho de biografia

Quando vi o vídeo da sábado comecei por pensar "bolas, há gente muito ignorante", para de seguida começar a pensar na desonestidade do mesmo. A desonestidade de querer fazer uma peça polémica e para tal manipular a amostra, mostrando apenas o mau, sem qualquer menção à representatividade da amostra, fazendo de uma minoria um retrato jocoso de um todo que se quer ridicularizar. É fácil recorrer o facilitismo da polémica, tomando a parte pelo todo, manipulando as respostas de modo a obter-se exactamente o que se quer mostrar, independentemente da validade e honestidade da amostra apresentada. E eu não acredito que esta amostra represente o universo de estudantes universitários portugueses. É apenas a amostra infeliz.
Imaginemos que eu queria uma peça polémica, sem ligar à ética profissional. Sei lá, por exemplo fazer uma peça sobre o racismo e xenofobia, ou conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis, entre a população universitária. Tal como em todo o lado, e a população universitária não é diferente, entrevistando muitas pessoas a probabilidade é conseguirmos energúmenos e ignorantes suficientes para encher uma peça de 10 minutos em vídeo com respostas deploráveis, que provem a tese inicial, mesmo que correspondam a 1% da população questionada. Mas qual a sua validade?
Eu sei que sou uma privilegiada. Não pertenço a uma primeira geração de licenciados na minha família, cuja formação superior vem de várias gerações anteriores, mas tenho noção de que nem toda a gente teve a mesma educação dentro e fora escola, ou as mesmas oportunidades, com acesso a livros, jornais,  conhecimento e cultura geral que eu tive. Nem para toda a gente ir para a universidade foi uma certeza inquestionável desde tenros anos como para mim sempre foi, que nunca sequer considerei outra possibilidade. Para muitas pessoas essa realidade nunca foi assim tão óbvia, e algumas estão agora a ter uma oportunidade de se desenvolver, de se melhorar, como nunca antes alguém na sua família pensou, mas leva tempo, e frequentar o primeiro ano de universidade não é um passe ou garantia para uma cultura geral irrepreensível, só porque se passou o secundário, por vezes à justa.
E é por ter noção destas disparidades culturais e sociais que os defendo, mesmo envergonhando-me com algumas respostas, achando que terão tempo para se desenvolver e colmatar certas falhas, contente por saber que a universidade os ajudará a ganhar gosto por saber e a estarem mais atentos ao mundo, porque não é com sobranceria e apontar de dedo que se vai a algum lado. 
Tal como defendi no liceu, quando perante uma turma fraquinha, com poucas bases, que me escolheu como representante, me insurgi contra os textos herméticos que nos davam para ler nas aulas de filosofia, dizendo que mais do que fazer ler aqueles textos quase ininteligíveis para a maioria, se deveria discutir as ideias nas aulas, de forma mais acessível, para que toda a gente entendesse e assimilasse, coisa que me valeu o epíteto de "a analfabeta" pelo novíssimo professor (de idade e experiência), sem que eu voltasse a participar nas aulas de forma a dar mostras do contrário. Mas a verdade é que o meu representativo "analfabetismo" resultou em aulas mais acessíveis a quem antes estava a apanhar bonés, e num professor mais consciente e menos preconceituoso do que quando começou, adaptando as aulas aos alunos que tinha, e conseguindo fazer mais por aquela turma do se lhes continuasse apenas a distribuir textos destinados a alunos melhores do que a maioria era.
O que mostra que por vezes, em vez de apenas exibirmos a nossa suposta superioridade num exercício narcísico e exibicionista, como o demonstrado nesta peça, se consegue mais sendo capaz de nos pormos nos pés de quem nos rodeia, compreendendo em vez de gozar, percebendo que nem todos têm o mesmo backgound cultural, e tomando as suas dificuldades como se fossem nossas, para um resultado globalmente mais justo.

22 comentários:

  1. Infelizmente verificou-se na análise desse vídeo uma falhar maior do que a do saber, que é a falta de sentido crítico e a tendência precipitada que as pessoas têm para a generalização. Quando isso parte de pessoas que deveriam ter um mínimo de imparcialidade, então é ainda mais preocupante. O não saber incomoda-me menos do que criação de falácias.

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  2. Eu não gostei NADA do tom desse filme. E acho que sim, que a responsabilidade de termos um país mais culto é de todos nós. E que se calhar até existe um problema, mas tem que ser debatido de uma forma mais séria, não é fazer das pessoas palhaças. Nem sei se os miúdos deram autorização para aquilo passar na TV/net e se deram foram enganados de certeza.

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  3. Vocês vão-me desculpar, mas eu discordo completamente. Esta realidade é muito maior do que supõe. É óbvio que o filme é "manipulado" ao sabor do jornalismo, mas isso só expõe aquilo que os jornalista de hoje em dia são. Hoje ouvi uma peça na TSF retirada da SIC em que a jornalista dizia ao Promotor Público: vamos lá deixar aqui uma coisa clara! Isto foi assim ou assado?! Mas que caramba, que falta de educação é esta? Que arrogância é esta? Que direito é que tem um badameco a colocar questões desta forma a alguém que nem sequer é obrigado a dar-lhe qualquer explicação?
    Eu dei uma entrevista uma altura para uma revista do estilo da sábado e fiquei doida quando vi o headline que dizia em letras garrafais: a Sofia gosta de viver na Holanda mas não gosta dos Holandeses. E a entrevista foi dada por escrito e aquela moça deturpou tudo. Só não me meti em sarilhos pq a responsável de comunicação da IBM em PT da altura era minha amiga e não mandou aquilo pro responsável de comunicação Holandes. Bottom line: houve manipulação com o intuito de chocar as pessoas. Certo.
    Mesmo assim, vamos lá a ser minimamente exigentes, os Maias eram de leitura obrigatória, não saber quem é o Eça de Queiroz É uma vergonha. O Evangelho segundo Jesus Cristo é do Saramago e macacos me mordam se a maioria dos putos não teve professores a leccionar isto algures numa disciplina. Sabiam todos quem era o Obama mas não sabem quem é o Durão Barroso que não é um badameco qualquer e que passa a vida nas notícias?
    Durante ANOS na Candeia fiz perguntas difíceis aos miúdos e digo-vos que aquilo era melhor que a casa dos segredos. Eu não espero uma coisa tão má como a ignorância daqueles miúdos de um universitário, mas espero mínimos.
    Assim como tu esperas que as tuas alunas saibam a diferença entre um frasco cheio de água e um vazio, certo?
    Então não vamos cá passar a mãozinha pelo pêlo, que eu não passo ao meu irmão, não passarei a fedelhos.

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  4. Para terem uma pequenina, assim mesmo muito pequena ideia de como isto é ridículo e horrivelmente manipulado, eu vi estes senhores a fazerem a entrevista a um amigo meu, à porta da minha faculdade; o rapaz respondeu a tudo, respondeu bem e nem sequer apareceu neste vídeo. Poupem-me a ignorância e lembrem-se que a minha geração não foi educada a ar e moscas.

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  5. andorinha, vinde a meus braços tb (+ coisa - coisa, foi o que defendi no blog da rita, quero dizer, com esse tipo de argumentação)

    e sim (como defendi antes aqui, ou lá, já nem sei), esta é A realidade; pelo menos, é bem mais provável que seja a realidade do que seja uma amostra pouco representativa dela.

    biografia por biografia, tenho 30 anos de carreira no ensino secundário, sei bem do que falo; e tenho uns anos de experiencia como professora do ensino universitário, continuo a saber do que falo (dessa experiencia).

    o mundo está perdido? nunca houve ignorante, só agora? não, não está, e sim, sempre houve. MAS a grande diferença, e só essa motiva a minha reacção a este video e os meus comentarios, é que dantes tinha-se consciencia da ignorancia e vergonha dela; as justificações, mais do que plausiveis, eram justas: nao fui à escola, os meus pais levaram-me pros campos no fim da 2ª classe. e, nesses casos, nem de ignorancia se trata, mas sim de uma cultura feita de experiencia de vida que nao era, portanto, a letrada! e aqui bate o ponto! quais são 'as letras' (a literacia) destes palermas? ah pois! e nao andaram eles na escola, muitos com imensos dos referidos pais e avós por força das ciscunstâncias analfabetos? sim! e aproveitaram eles a cultura geral que a escola fornece? nao! e aproveitam eles a informaçao que tv e net lhes proporcionam? nao!

    pq o ponto é só um: nao sei AHAHAHAHAH e nao quero saber AHAHAHHAHA porque ....... ou ....... ou ....... ou ...... não é comigo!

    criaturas que têm a benesse de frequentarem o ensino superior e nao terem VERGONHA por nao dominarem aquilo que é suposto saber, conhecimentos basicos que a escola QUE ELES FREQUENTARAM lhes deu?

    e ainda andamos praqui a dizer que nao sao amostra representativa? por um lado, claro que são. por outro lado, e que nao fossem! nao têm perfil nem categoria nem direito a andar na universidade com uma atitude alarve destas!

    bolas que me irritei

    (desc, Luna)


    (lamento, compreendo a lógica de porque o invocou, mas a sua nota biográfica sobre o prof de filosofia nao tem nada, mas mesmo nada, a ver. abraço)

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  6. Eu entendo a sua opinião mas concordo mais ali com a Andorinha.
    Não saber o símbolo químico da água? Metade do nosso planeta está coberto dela. É básico básico básico.
    Não ter antepassados cheios de cultura não justifica que hoje em dia os universitários não sejam cultos. Atenção que não estou a generalizar. Estou apenas a falar daqueles que erraram perguntas básicas naquele específico vídeo.
    Se estão na universidade já andam há pelo menos 12 anos na escola. Já tiveram mais que tempo de aprender o símbolo químico da água ou a capital de Itália. Tiveram História e Geografia do 2º ao 9º ano no mínimo e já falaram dela dezenas e dezenas de vezes. Não entendo. Não entendo como é que uma pessoa não se lembra deste tipo de coisas.
    Isto lembra-me aqueles casos espectaculares de alunos que vão até ao secundário sem nunca ter tido uma positiva a matemática ou a português. Como é que é possível o nosso sistema de ensino permitir isso?
    Mas uma coisa é certa. Aqueles alunos sabem de certeza todas as funcionalidades e mais algumas do Facebook, a última notícia mais badalada da casa dos segredos ou então quem ganhou nos jogos da liga.
    Mas política? Não é coisa para eles.
    Religião? Não é coisa para eles.
    Não conhecem sequer.
    Não lêem um jornal ou um livro.
    Porque ler é uma seca sem nunca terem experimentado.

    Eu sou uma Universitária. Eu lido com pessoas assim todos os dias. Almoço com eles. Faço trabalhos com eles.
    Não são más pessoas. Não são burros.
    São desinteressados.

    Se foi bom ou mau jornalismo, pouco me importa.
    O que importa é que num mundo com Internet, telefones, televisão, escolaridade obrigatória e Homens e Mulheres com o cérebro mais desenvolvido é difícil acreditar que ainda há gente na Universidade assim.

    Mais uma vez, não generalizo.
    E não acho que saber quem era o Padrinho seja cultura geral.

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  7. *imensos dos referidos pais

    =

    imensos sacrifícios dos referidos pais

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. senhora misturas, vinde a meus braços tb.

    (tb nao acho que saber quem protagonizou o padrinho - que até foram 3, mas okok, percebia-se que eles pretendiam a resposta 'marlon brando', pq a ele se deveu o enorme sucesso do padrinho 1, e ficou sp c o personagem colado à pele- seja uma questão de cultura geral.)

    historical reminder:
    «Isto lembra-me aqueles casos espectaculares de alunos que vão até ao secundário sem nunca ter tido uma positiva a matemática ou a português. Como é que é possível o nosso sistema de ensino permitir isso?»
    foi o cavaco silva (no governo de.)

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  10. Meus senhores, a questão é que gente burra há em todo o lado, até nos meios académicos. Ainda não vi a palavra "precursor" escrita bem em nenhum power point das minhas aulas teóricas de Bioquímica. Note-se que os ditos powers points são feitos por PhD.
    E ainda ontem, num departamento de um instituto todo ele reputação onde se faz imensa investigação (e que agora não interessa nomear), vi escrito "água distilada" no frasco da água efectivamente dEStilada. Não me pArece que tenham sido os alunos a marcar o frasco...

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  11. Obrigada pelas suas palavras Sem-se-ver.

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  12. Percebo o que dizes Luna e concordo contigo em parte. Generalizar é perigoso.
    Mas a questão central aqui é: não se pretendeu fazer o retrato de uma geração, mas sim mostrar num vídeo que existem alguns alunos universitários com lacunas bastante graves em termos de cultura geral. E eu sublinho alguns, não todos. É claro que o interesse na peça não é mostrar que todos souberam responder às perguntas, mas sim mostrar que há alunos universitários que se estão a preparar para entrar no mercado de trabalho e dizem coisas absolutamente disparatadas da boca para fora. A mim não me interessa se numa amostra de 300 alunos, 10, 50, 100, 250 ou 299 responderam acertadamente. Basta-me 1 aluno universitário dar aquelas respostas para questionar que aluno universitário é aquele, porque sinceramente (pelo menos os meus professores na universidade incutiram-me isso) não basta decorar e estudar e saber tudo aquilo que é suposto saber na nossa área de formação. Penso que a tua área é a de química. Tenho quase 100% de certeza que não lês única e exclusivamente livros da tua área. Certamente deves ler outro tipo de livros que não académicos. Deves arranjar tempo para ver cinema. Ouvir música. Enfim "cultivares-te", digamos assim. E isso garanto-te que não tem nada a ver com as nossas raízes, se pertencemos à 1ª, 2ª ou 3ª geração de licenciados da nossa família. Trata-se de interesse, vontade e gosto por aprender. O meu melhor amigo por exemplo pertence à 1ª geração de licenciados da família dele, os pais têm a 4ª classe e ele é dos tipos mais cultos que conheço...
    Enfim, não vi manipulação em lado nenhum nas respostas. Vi um jornalista a perguntar a um universitário quem foi o Eça e um aluno a responder que se trata de um autor que faleceu recentemente. Vi também um aluno a não conseguir identificar o título de uma das obras do nosso Nobel da Literatura. Manipulação aonde?
    Se o entrevistado deu consentimento para a reprodução daquelas imagens não sei. Mas há uma coisa que se chama de consentimento tácito, porque se eu sou abordada por uma jornalista em plena rua e que me quer entrevistar tenho a faculdade de aceitar ou recusar, porque ela estará a captar o meu depoimento e imagem e como tal poderá ou não utilizar as minhas imagens. E recuso a entrevista, porque não me quero expor. Se depois ele é incluído numa reportagem sobre alunos universitários com um nível de cultura baixo mais não me posso do que lamentar por de facto ter um nível de cultura... baixo!
    O vídeo surge acho numa altura em que se fala na concorrente de um programa que não soube identificar uma capital de um país acho, não tenho a certeza, não posso precisar o que foi. Mas a concorrente do programa pelo menos não anda no ensino superior, um ensino que se quer ou se deveria querer exigente.
    Reitero que nem todos os alunos são ignorantes. Alguns são, porque temos a prova disso em vídeo e é lamentável. Acho que está na hora de deixar de passar a mão a esses miúdos, passar a exigir um pouco mais deles.

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  13. Quem fala assim não é gago! Também tive problemas a Filosofia, mas pelo facto do nosso professor ser louco e não dar matéria absolutamente nenhuma. Mas lá que discutíamos cinema e notícias e os nossos problemas existenciais, isso discutíamos (principalmente os dele!).

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  14. Boa Luna, muito bem dito. Eu achei exactamente o mesmo quando vi o video. Como 'e que se pode generalizar a partir de uma amostra escolhida a dedo mas que possivelmente nao 'e representativa de coisa nenhuma?

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  15. Deveriam ler a reportagem toda em papel.
    As perguntas de arte que tiveram aquelas respostas hilariantes foram feitas a alunos de artes. A pergunta do simbolo quimico da água (que não é simbolo, porque a água não é um elemento mas sim fórmula quimica da água) foi perguntada a alunos de biologia, as perguntas sobre história, por exemplo uma pergunta sobre o 25 de Abril, foi feita a um aluno de história.As de cinema a alunos de cinema.
    Para rematar só 5 alunos responderam certo a tudo. Nesta peça jornalistica o que é que será noticia para colocar no vídeo? Os 5 que responderam a tudo ou as respostas hilariantes?
    Na minha opinião, claro que são as respostas hilariantes.
    Só mais isto, se fosse algum filho meu eu estaria cheia de vergonha, porque andei desatenta, porque não lhe indiquei o caminho, porque não lhe abri as portas.
    Porque a culpa desta ignorância, que não creio que seja generalizada, não é só da escola, mas também dos pais.

    Bom fim de semana.

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  16. @Andorinha: "o Durão Barroso não é um badameco qualquer", ai não? ai não?

    De resto, pessoas, não podemos comparar a cultura geral de gente pós-30 com rapaziada ainda sub-20. Caneco, fazem-me lembrar aquele s'tor de inglês que tive que ficou escandalizado porque ninguém na turma sabia quem era a Virgínia Woolf! Nem eu sabia, e entretanto já li dois livros da senhora e sou fã.

    Além disso, há uma decalage cultural que não podemos ignorar. Para a minha avó, saber as estações da linha do norte ou os afluentes do Guadiana era cultura geral, e eu digo, bem alto: NÃO QUERO SABER. Sou menos por isso? Não me parece.

    O meu sobrinho de 6 anos ficou chocado porque eu chamei brontossauro a um boneco que era, na realidade, um braquiossauro.

    A chavalada de hoje sabe cenas que eu não sei, eu sei cenas a que a chavalada de hoje não dá valor. Entre todos, podemos aprender montes de cenas. E isso é que era de valor, em vez de estarmos a apontar o dedo uns aos outros.

    Gostava de ver um teste destes feito por chavalada, com perguntas sobre o que eles consideram cultura geral. Provavelmente, eu não acertava uma.

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  17. "Além disso, há uma decalage cultural que não podemos ignorar. Para a minha avó, saber as estações da linha do norte ou os afluentes do Guadiana era cultura geral, e eu digo, bem alto: NÃO QUERO SABER. Sou menos por isso? Não me parece." -> Isto!

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  18. Não sou muito dada a comentários, mas sou forçada a discordar.

    Eu faço parte da primeira geração de licenciados da família e nunca lá em casa faltaram livros, jornais e afins. Aliás, era viciada num atlas que tínhamos!

    Ou seja, apesar de nenhum dos meus pais ser licenciado sempre fizeram questão de nos fomentar o gosto pela leitura, pela cultura, pela diversidade.

    Resumindo, essa não pode ser a desculpa! E pela minha experiência não é mesmo. As pessoas não sabem, não querem saber e ainda menosprezam uma eventual correcção a um qualquer disparate que estejam a dizer. Podemos tomar a parte pelo todo? Felizmente, não!

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  19. Concordo com o que disseste. E achei a reportagem uma treta para enganar mais desatentos.

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  20. @Izzie: ter lido o que agora escreveste fez mais por mim que todas as biografias juntas acerca deste episódia da sábado. há de facto uma diferença gigante entre aquilo que as várias gerações aprendem e interessam-se o que tem consequências ao nível da dita cultura geral.

    fizeste-me lembrar o quão ignorante me sentia perto da minha avó que sabia todas as capitais de distrito, rios e afluentes, localização das minas e matéria prima extraída e por aí fora...

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  21. Duas coisas: primeiro, é verdade que a peça jornalística, pelo menos o vídeo que foi o único que vi, é claramente feita com o intuito de passar uma tese pré-definida: a de que os alunos universitários são incultos. Nesse sentido, é folclore e não jornalismo. No entanto, em segundo lugar, também é bom perceber que (e não gosto do conceito de cultura geral: se todos a tivéssemos "irrepreensível" à mesa a beber uma Weihenstephan um falava e os outros todos assentiam solenemente aprovando o conhecimento que todos devem ter?), apesar de tudo, existem coisas que são básicas e que uma coisa é democratizar o acesso à universidade, outra coisa é facilitar esse mesmo acesso. Se calhar há quem não mereça ir para a faculdade ser "doutor" porque o seu talento é encontrar um trabalho honrado, por exemplo, como canalizador ou carpinteiro (hoje tão remunerados)e exercer essa nobre função com qualidade e empenho. A ideia de que todos temos que ter um canudo é outra coisa que não entendo: aquilo que para mim sempre foi uma vontade para muita gente é meramente uma obrigação familiar ou social e não representa um talento ou anseio individual. Uma sociedade desenvolvida vê-se por não haver anátemas sobre o que cada um verdadeiramente quer e \ou pode fazer ao invés do que quer fazer parecer. Isto é apenas mais uma razão pela qual ir à escola deve ser difícil por forma a estimular a aprendizagem e a ensinar a coisa mais importante de todas: que a vida não é fácil. O facilitismo baixa o nível de aprendizagem dos melhores, de nada serve aos piores a não ser um papel (que acaba por se desvalorizar quando muitos o têm se esses muitos não tiverem a qualidade que à priori esse papel deveria assegurar)e prejudica a sociedade como um todo. Claro está que nada disto justifica vir uma jornalista qualquer insinuar que "os universitários são incultos" quando a verdadeira questão é muito mais complexa do que isso e, provavelmente, a maior parte dos universitários não reflecte minimamente a tese da jornalista.

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  22. vários de vós, vinde a meus braços!

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