25 de agosto de 2012

Então e que mais?

Também engoli sapos. Como quando recebi o rascunho de um artigo proveniente de uma colaboração com outro grupo, que comparava diferentes tipos de nanopartículas em termos de resposta imunitária, e vi o meu nome aparecer em terceiro. O que não teria problema se não fosse o facto de que sem nanopartículas não haveria artigo. E de essas nanopartículas terem sido feitas por mim, com um polímero não disponível comercialmente e sintetizado também por mim. Oh yeah, a academia é uma coisa linda.

25 comentários:

  1. este ano aconteceu-me o mesmo... desapareci dos abstracts de congresso e apareci só em 4º no rascunho do artigo, qd fui eu quem fez todos os pre e pós testes. E construiu a base com 178 variaveis para ene de 100. Enfim. Uma merda. A mesma merda.

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  2. Há sempre alguém (mais que não seja "o sistema") pronto para nos lixar.
    Mas tu és forte e todas essas adversidades são ainda mais pequenas que as tuas nano-babies :p
    Boa sorte.

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  3. Eu sabia que a Luna devia ser boa na cozinha, até faz nanopartículas!

    E os nomes não estariam por ordem alfabética? :)

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  4. Shadow

    a merda é que o pessoal se esquece que por trás do trabalho prático concreto (que neste caso nem foi assim tanto para mim), estão anos a desenvolver a coisa.

    Por exemplo, as partículas que eu tenho actualmente, demoraram-me 3 anos a desenvolver, depois de mais de mil experiências falhadas, e se neste momento me pedirem para as fazer (como estou a fazer para outra pessoa no momento), e nem me demore muito na prática, depois do método desenvolvido, a verdade é que há um investimento enorme anterior. E como tal, espero ser pelo menos segunda autora nos papers em que as utilizam, e que não existiriam sem as mesmas.

    Como bem sabes, terceiros e quartos autores nao contam para nada, e uma pessoa fica lixada quando o material central num estudo, que não existiria sem ele, é remetido à insignificância, como se fossemos apenas técnicos que ajudaram.

    No paper que estou a tentar submeter, que resulta de 3 anos e meio de trabalho, o segundo autor fez-me uma experiência que demorou 3 dias. Mas resultou numa figura importante, e como tal, é segundo autor.

    Mas uma pessoa pelo menos aprende e abre a pestana. Fui recentemente contactada por um estudante de doutoramento a começar, num projecto demasiado parecido com o meu, que basicamente deve estar à espera que lhe dê a receita que me demorou 3 anos e meio a desenvolver e nao está publicada ainda. Mas pelo menos agora já estou em modo alerta, para não ser engrupida novamente.

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  5. Meg

    felizmente eu não preciso de mais artigos como segunda autora. E nem precisaria de usar este na minha tese.
    Mas quando uma pessoa esteve em grave iminência de não se conseguir doutorar, pela dificuldade do projecto e por não conseguir os resultados pretendidos durante 3 anos e meio, tirarem a importância ao que conseguimos fazer à custa de muitas horas de trabalho e frustração, chateia.

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  7. Suponho que em primeiro tenham colocado o "líder", provavelmente o que menos fez. eheheh

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  8. S* : na política dos artigos científicos, o primeiro autor é quem fez a maior parte do trabalho que resulta naquele artigo. O segundo uma pessoa que fez experiências cujos resultados também contribuíram significativamente para o mesmo. A partir do terceiro autor, estao pessoas que contribuiram minimamente, e em último vêm os orientadores, que basicamente só têm de corrigir, e têm como papel o aconselhamento. O último autor é o professor reaponsável por aquele projecto e que o orientou. Mesmo que não entre num laboratório há 20 anos.

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  9. Não tive um único artigo como primeira autora durante o meu doutoramento. Em primeiro lugar apareceu sempre o nome da minha orientadora. Os dados eram meus, a proposta de artigo era minha, quem escrevia era eu. No final do trabalho feito, a criatura (vulgo orientadora) sugeria transformar uma vírgula em ponto final ou mudar uma tabela de sítio. Era este o seu contributo. E era primeira autora.

    A ética académica é qualquer coisa que ainda hoje me continua a provocar urticária.

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  10. lol Isso do orientador assinar projectos é muito lindo... foi tipo a minha orientadora de tese, que reuniu comigo três ou quatro vezes num ano. :)

    Portanto, tu contribuíste de forma mínima para o trabalho... ah, esse não foi um sapo, foi um Senhor Sapo. :/

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  11. Pat,

    estou oficialmente chocada, mesmo. Até porque ultimo autor tem a mesma autoridade, sabendo-se que foi a pessoa que orientou. Muito mau, nem sei o que dizer.

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  12. eu acompanho o teu blog há alguns anos e quando tu conseguiste, finalmente, os resultados pretendidos com as tuas nanopartículas foi dos momentos mais inspiradores que já estive. E estou a falar a sério.
    Lembro-me como se fosse hoje do que senti quando acabei de ler o teu post: é para isto que a ciência existe, é esta a magia de ser investigador.
    E ainda hoje me lembro muitas vezes da tua última frase que dizia algo como "neste momento sou a única pessoa que sabe isto, que sabe como chegar até aqui."
    Por isso podes ser só a terceira autora deste artigo mesmo sendo tu a fazer as nanopartículas objecto do estudo deles, mas para mim és mais que autora. Foste e as vezes ainda és, inspiração. Pela tua persistência! ;)

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  13. meg:

    Obrigada, mesmo. de uma pessoa na área eu percebo a soldariedade.

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  14. Na minha opinião o problema é não haver regras claras sobre o aparecimento dos autores, por vezes dentro dos próprios grupos. E também haver alguns "coitadinhos" que se safam sempre, Força! Não querendo desanimar mas a na fase final do doutoramento parece que uma boa parte da alimentação são esses "sapos".
    sofia

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  15. Quando se publica alguma coisa ou se faz um trabalho, os nomes devem sempre aparecer por ordem alfabética de acordo com as nomenclaturas internacionalmente adoptadas!

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  16. Luna, nem mais!
    Tal como tu, não foi "trabalho extra", foi o meu trabalho desenvolvido por e para mim. Que depois foi aproveitado para outros. Mas sem a devida consideração. Mas, com o tempo vamos abrindo a pestana... e passamos a traçar "regras" de colaboração. Que a academia está bem longe de ser uma Méritocracia mas.. ele há coisas que não dá, mesmo! ;-)

    Boa sorte para o peer review!!!!

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  17. Isa: não em artigos científicos, onde a aparição do nome dos autores corresponde a uma hierarquia específica como expliquei lá em cima.

    E isto tem consequências práticas: por exemplo, para efeitos de tese, eu não posso usar artigos de terceira autoria, e posso apenas usar um de segunda, tendo que ter no mínimo 3 ou 4 de primeira.

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  18. Na minha área (bio marinha) quem escreve o artigo é sempre o 1º autor. E o orientador é o último autor. A ordem dos nomes do meio não interessa nada.

    Nas avaliações da FCT o q interessa é o nº de artigos com primeira autoria...ou última, caso se trate de um pós-doc.

    Acho que quem fez a maior parte do trabalho deve sempre insistir para escrever o artigo.

    Pessoal sacaninha que se quer aproveitar há em todas as áreas...se o orientador quer ficar em 1º lugar, quer dizer q é pessoa fraquita, que ainda não tem mtas primeiras autorias...é deixa-lo rapidamente!

    bjs

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  19. Cat

    aqui as segundas autorias ainda contam para alguma coisa. De terceira para cima (excepto a última) é que é perfeitamente indiferente.

    (tirando para undergrads, que por exemplo, para a minha estagiária de 10 semanas de bacharelato, ter o nome a aparecer em terceiro já lhe fica bem no curículo)

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  20. O mundo da ciência é mesmo muito competitivo. Não fazia ideia dessa hierarquia de que falas. Nós, nos Direitos, fazemos quase sempre tudo sozinhos...

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  21. Ando há 3 meses a fazer trabalho para levar a assinatura de outra pessoa, porque eu sou a assistente. Por muito que seja "normal", tira-me do sério!

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  22. Uiiii...isso não pode ser normal :(
    Que desmotivante!

    Os meus mestrandos e a minha doutoranda têm sempre a oportunidade de escrever o artigo e portanto de serem o 1º autor. Só se não o fizerem (pq não querem ou não dominam o inglês), é que passam a 2º autor. Como eu, há mtas outras pessoas q dão a oportunidade de 1º autoria aos alunos/colaboradores.
    Não deixem que vos façam isso, ou se vos fizerem mudem de grupo na 1ª oportunidade.

    Bjs,

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  23. "Isa: não em artigos científicos, "

    Depende da área. Por exemplo na Economia há montes de revistas que seguem o que a Isa disse. O mundo das revistas científicas não é só feito de ciências naturais.

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  24. Tb trabalho com nanopartículas. Estava a imaginar-te mais nas Bio-coisas que na Química. Nice! :)

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  25. Bem, é um misto de ambas, já que especificamente trabalho em vaccine delivery e cancer immunotherapy.

    Que tipo de nanopartículas? Eu trabalho maioritáriamente com PLGA (com uma perninha em TMC).

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