Vinho Tinto

Eu gosto de vinho. Branco, tinto, verde, verde-tinto, gosto de vinho, e não é só para fazer figura e bebericar meio copinho, que isto do gostar da vinhaça vem de família graças a deus, e já o meu avozinho até aos 96 anos ainda reservava só para si uma garrafinha aos almoços de domingo sem pestanejar.

Hoje em dia fica bem dizer que se aprecia vinho, mas de tinto, como se gostar de branco fosse como ser de uma casta inferior, uma espécie de intocáveis à vista dos puristas, que nem merecedores de vinho são, tipo como quem gosta de beber café com açúcar. Ora, eu confesso que apesar de gostar de vinho tinto, muito raramente o bebo, especialmente em ocasiões sociais/formais, escolhendo sempre o branco. O que me leva a uma questão que me tem intrigado e perseguido estes anos todos de preferência do branco, preterindo o tinto: mas será que sou só eu que depois de um ou dois copos de vinho tinto fico com os dentes e lábios e boca em geral toda preta e com um ar de taberneira desgraçada (e vá, desdentada)? Agradecida.

(E não, não dá jeito ir lavar os dentes e exfoliar a boca toda a cada três golinhos de vinho.)