3 de novembro de 2015

Quanto vale a dor dos outros?

Pois eu, que até nem sou dada a lamechices e cito herman josé em dedicatórias românticas, ficaria a bater bastante mal se me desaparecesse o Ozzy, mas mal mesmo, a julgar pelos minutos de aflição e aperto no peito das vezes em que o sacana me fugiu. 

21 comentários:

  1. http://www.thefabulista.net/2015/11/carta-da-mae-ao-benny-letter-from-mom.html Mas ficavas assim?

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    1. Se sofresse de depressão crónica há 11 anos (com tentativa de suicídio pelo meio), não sei.

      Cada pessoa sente e sofre mais ou menos com as coisas, e não me cabe a mim julgar o quão ridículos ou descabidos são esses sentimentos, só porque eu provavelmente reagiria de outra forma.

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    2. Não é preciso sofrer de depressão crónica para sofrer com o desaparecimento de um animal de estimação. Diria até que o natural, o expectável, o humano é precisamente aquilo que está no post.

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    3. Atenção, não quis dizer com isto que sofrer com o desaparecimento de um animal tenha que ver com a depessão, já a forma como se reage e lida com a situação e consequente exposição pública pode diferir em caso de maior fragilidade emocional.

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    4. Bem sei que não.
      De qualquer forma, é um blog e um texto pseudo intimista. Algum exagero fará parte da figura de estilo.

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  2. Imaginemos que tenho uma amiga que me aparece completamente em frangalhos, porque descobriu que é infertil. Essa amiga, ao contrário de mim, sempre quis ter filhos, e idealizou engravidar, gerar e parir a descendência. O que faço, eu que nunca sonhei engravidar, desejei gerar, e emocionalmente sempre achei que era igual ter um filho adoptado? Consolo, apoio, ou digo-lhe que está a ser uma exagerada, afinal pode adoptar? É a diferença entre conseguir colocar se no lugar do outro ou impor lhe a nossa escala de dor. E obriga-lo a aceitar a nossa como a única válida. Enfim, quem não consegue entender que não entenda, mas escusa de ser desnecessariamente cruel com alguém que sofreu uma perda. Da perda de cada um cada um sabe.

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  3. Eu sou sincera, quando li aquilo, ou melhor a maneira como está escrito e descrita a situação, deu-me vontade de rir. Eu seria daquelas pessoas pessoas que fechava a boca perto dela para não me sair "asneira" da boca, só porque eu acho um exagero essa exposição da vida privada e pela experiência de vida que tenho, quanto maior a exposição, maior a vontade de ser "o coitadinho", e menor o sentimento real. Mas... como não há regra sem excepção, fechava a boquinha e não dizia nada.

    Agora, à parte do amor ao bicho, se foi um acidente do namorado, pessoalmente acho exagerado. Agora, se é como ela descreve a situação, que ele não tinha cuidado por mais que lhe chamasse a atenção, se calhar, mas só se calhar, também perdia a confiança numa pessoa assim.

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  4. Quando leio o gozo que andam a dar à Marta Rebelo por causa do desaparecimento do gato, fico espantada. Se o meu cão desaparecesse por desmazelo óbvio do meu companheiro, podem crer que me ia magoar horrores.

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    1. Chocou-me muito a falta total de empatia que vi por aí.

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    2. Luna, é isso. Eu não discuto que, para muita gente, o texto pareça um exagero (para mim, não é, entendo-a). Mas caramba, aquilo é dor óbvia.

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  5. Acho que têm razão, Izzie e Luna, em fundamentar o "exagero" da reacção perante a dor, tendo em conta as circunstâncias debilitantes da pessoa em causa.
    Acho mesmo, independentemente do tal enquadramento, que aquela carta é um legítimo grito de alguém que sofre terrivelmente a perda de um querido animal de estimação.( Been there, nem me quero lembrar).
    É aquele tenebroso post scriptum que me encanita. Aquele acintoso e humilhante estabelecer de prioridades, num registo totalmente desrespeitador de um outro ser humano, que se viu ali involuntariamente exposto à chacota pública, sem apelo nem agravo. Cruzes.

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  6. pois eu acho que ficava como ela se os meus gatos desaparecessem. já muitas vezes me pregaram partidas, ou quando se escondem nalguma gaveta que fecho sem saber que estão lá, ou quando a minha gata fugiu pela janela do sótão e julgo que nunca mais vai voltar. muitas lágrimas, afinal inúteis, e ainda bem, derramei já por estas coisas.
    no ano passado morreu o meu gato, novo, saudavel, sem qualquer problema, um coagulo que lhe parou o coraçao. dias inteiros de luto, a chorar. mesmo assim, acho que deve ser bem pior um animal desaparecer. isso é a incerteza de nunca saber o que aconteceu, se está vivo, se alguém o tem, se morreu à fome, se lhe fizeram mal. deve ser horrível e nao condeno o texto dela, nao a conheço mas acho que deve estar mesmo a passar um mau bocado.

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  7. hmmm, ok, fui procurar e vejo que ela é conhecida do público e ex-deputada ou wtv e que noticiaram o fim do namoro, etc.
    pronto, mesmo assim, deve estar a passar um mau bocado. se calhar era só desnecessário vir nas revistas todas, vá.

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  8. Idem. Se calhar não escreveria um post naquele tom, mas porque não é o meu estilo de escrita.
    Se terminaria uma relação por isso, não sei, mas ela é crescidinha para tomar as suas decisões pessoais.

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  9. MC, consigo sentir empatia mesmo que não tenha simpatia. Acho que fui mal entendida, eu não quis nunca justificar qualquer exagero com a depressão - apesar de ser verdade que um deprimido crônico tende a ser mais emotivo, o ser exagero ou não terá que ver com uma escala pessoal que não me cabe avaliar. A especial vulnerabilidade e circunstâncias debilitantes da doença explicarão, sim, é talvez desculparão o ultimo parágrafo. E eu lido muito mal com manifestações de apoio ao pobre macho que se livrou da " gaja maluca". O que se passou só eles saberão.

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    1. Izzie, por isso mesmo é que eu escrevi exagero entre aspas, porque, de facto, estas coisas são relativas, não sei se haverá exagero. Talvez na forma, mas cada um sente como sente, essas coisas só dizem respeito à pessoa.
      Manifestações ao pobre macho também não me interessam particularmente, mas consigo ver-me na posição dele e não gosto do que vejo. Ele é uma pessoa também conhecida lá no metier dele e acho que esta visibilidade não será propriamente desejada.
      Seja lá o que se tenha passado entre eles, acho que assistiria ao homem o direito a não entrar neste filme e por mais voltas que dê à coisa, não consigo deixar de pensar que "és biliões de vezes mais importante do que qualquer namorado" e "Homem é bicho que passa", por muito sentido que seja, é um insulto que deveria ter continuado lá na esfera privada. Muito escusado.

      (Por outro lado, talvez também seja um problema meu ficar logo cheia de urticária com estas coisas das prioridades entre animais e pessoas, mas isto já são outros carnavais.)

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    2. Tens carradas de razão, que tens, Aquele último parágrafo também me incomodou (ao contrário do resto), exactamente pelo que referes. Era escusado. Escusadíssimo. Mas típico de uma pessoa que não está bem. Been there, done that, embora com (muito) menos projecção. Hoje em dia posso dizer que seria muito grata se, em tais momentos da minha vida, tivesse ao meu lado alguém amigo que me pudesse dizer que era escusado (o tom, a exposição, o acinte). Mas, como se costuma dizer, hindsight is 20/20 ;)

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    3. Bem, eu não estou com grande disponibilidade para vir aqui responder a tudo, mas pronto, o que a Izzie disse. (e sim, era escusado, mas nós não conhecemos as circunstâncias de cada um).

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  10. Se o meu companheiro me deixasse fugir um animal de estimação, também eu me passaria. Se entendesse que ali houvera ou má intenção ou desrespeito por mim, também o mandaria bardamerda. Eu não sou, contudo, uma respeitável senhora burguesa nem o Donald Trump da blogoesfera portuguesa.

    Claro, se for para mandar para a puta que pariu outras mulheres, aí já é de bom apoiar.

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  11. não consigo ler o texto inteiro do link que o prezado mostrou, mas ler na diagonal chega para perceber o tom. E mesmo com o tom exagerado que tem, também não consigo deixar de sentir empatia . Também já passei horas de aflição por pensar que a bichana/o bichano tinham fugido pela janela e o alívio quando finalmente a(o) encontramos em paz e sossego num recanto onde nunca nos lembraríamos de procurar.
    Quanto ao namorado, não sei como eu reagiria se tivesse um namorado que se calhar se esteve o tempo inteiro a marimbar para o bichano e eu chegasse a casa e ele me dissesse com um encolher de ombros "se calhar o gato desapareceu". Não sei se foi isso que aconteceu, mas se calhar será mesmo um bom indicativo de que o namorado não é compatível comigo. Os animais são animais e nós somos pessoas, mas alguém que não se importa se um animal vive ou morre ou se sofre , não é alguém com quem eu quero partilhar a minha vida.

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  12. O Ozzy é um Deus da musica, acho que falavas dele!
    Mark Margo
    www.markmargo.net (site cor de rosa com celebridades, cinema )

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