1 de março de 2005

Foi há um ano...


... que parti rumo ao desconhecido, de armas e bagagens embarquei na aventura que iria mudar a minha vida, cortando amarras com tudo o que conhecia, pela primeira vez sem raízes, livre, livre como deixamos de o ser desde que nascemos. Sem saber o que me esperava cheguei a Milão, carregada e perdida, sozinha numa cidade estranha mas que haveria de sentir tão minha meses mais tarde, entranhada em cada canto da memória e do meu corpo.

Abracei a vida que se me abriu de par em par, sem ter medo, sem hesitar, sorvendo tudo com a sofreguidão de quem quer viver depressa, porque o cronómetro não pára e o tempo escasseia. Respirei todo o ar do mundo, bebi de todos os copos e beijei todas as bocas, ri todos os sorrisos e chorei todas as lágrimas, e voei, livre como nunca antes, vivendo cada dia como uma experiência única.

Não sabia ainda que o meu coração se partiria em dois, sem saber onde bater e que as raízes afinal são mutáveis, que podemos não pertencer a ninguém nem a lugar nenhum. Não sabia ainda que me perderia ao mergulhar no azul dos teus olhos e que uma língua que não era a nossa bastaria para nos unir, nem que teria de te dizer adeus, e te veria partir para sempre como a todos os que foram minha família, amigos, tudo, entre lágrimas nos olhos e promessas de amizade eterna que sabemos que não serão cumpridas.

Não sabia que nunca mais seríamos os mesmos e que o que vivemos ficou lá, nessas ruas e recantos, nas praças, nas noites, e que não poderíamos trazer connosco nunca mais.

Há um ano atrás era só esperança, hoje é saudade, amanhã que será?

2 comentários:

  1. Enalteço a tua coragem, o teu espírito de aventura.
    Identifico-me com o que sentias à um ano atrás.

    ResponderEliminar
  2. Obrigada pelo óptimismo. ;)

    ResponderEliminar