1 de abril de 2009

Falar estrangeiro



No outro dia comentava com um amigo esta coisa que se nos pega que é a de meter expressões em inglês no meio do nosso discurso falado ou escrito, coisa muito à emigrante, e que eu costumava gozar nos outros. Mas a verdade é que, falando muito mais inglês que português, no trabalho ou mesmo em casa, acaba por ser inevitável. Há expressões insubstituíveis, e que pela sua simplicidade e síntese, não são traduzíveis para português, ou que, mesmo sendo-o, soam mal. Um whatever nunca poderá ser substituído por "o que quer que seja," sob pena de perder displicência, enquanto outras expressões me saem naturalmente, no matter what - não importa o quê, o quê? - e mudá-lo seria perder espontaneidade ao escrever. De qualquer forma, toda a gente sabe que sou emigrante, e com ou sem estrangeirismos continuarei a escrever melhor português misturado que muitos puristas, por isso, enquanto não for em holandês, who cares?

16 comentários:

  1. so what? todos nós dizemos uns estrangeirismos once in a while... eu até diria mais, JAMAIS (em frances) falar bem e em português, porque são estas pecularidades que dão graça ao nosso discurso!!

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  2. Dat klopt! Emigrante que se preza tem de ser capaz de misturar umas palavritas, right? Qdo vim de Espanha disseram-me que parecia o Paulo Futre, passei umas vergonhas lindas...ainda hoje misturo espanhol com português e vergonhosamente não sei se a palavra existe em português ou não. Costumava (lá me disseram que não existe em nenhuma das duas línguas) usar a expressão: compartir formação. Quer dizer: dar formação.
    Com o tempo a coisa vai, e o que interessa é que continuamos a escrever em português, e sem erros ortográficos, o que já é muito bom dadas algumas páginas que já visitei.

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  3. Anda ya tía! Eh verdade, verdadinha. Nada calha tao bem como uma expressao de contrariedade ah la espanhola "jo'er". Como diria isto em portugues? "Fo'er?"

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  4. So true!!! ;) Eu nasci num país de língua inglesa e quando cheguei a Portugal todos gozavam com o meu sotaque e as minhas expressões que, de vez em quanto, dizia. Ainda hoje utilizo expressões inglesas mas só porque não consigo arranjar umas portuguesas que tenham o mesmo sentido. Agora já não me chateio nada com isso, e quem não gosta, olha, temos pena!!! :P

    Bjs*

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  5. Como te entendo!E quem está do lado de lá não percebe como é possível ora tão depressa falamos português como inglês.É uma coisa que sai naturalmente...so "deal with it" minha gente! :P

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  6. Também te compreendo muito bem...
    Por agora ando a viver um momento "portingnhol"..que é como quem diz uma mistura de Português com Inglês e Espanhol. Umas vezes porque me sai, outras simplesmente porque cada língua tem algumas expressoes que descrevem maravilhosamente bem certas situações ou sentimentos!

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  7. o "whatever" pode ser substituído por um "como queiras" :P

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  8. Não, não pode. Essa é só umas das possíveis traduções, aplicável apenas em certos contextos do uso da expressão, e que neste caso implica a existência de uma segunda pessoa.

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  9. sim.. mas eu estava a dizer no sentido que penso que ele queria com o "sob pena de perder displicência"

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  10. never mind!
    Continua assim que vais bem. Take care
    :)

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  11. Está em voga, cá para mim, é uma um novo-riquismo que associo à necessidade de mostrar cultura. mas isso é para mim.

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  12. ph:
    uma coisa é viver em portugal - calculo que seja o teu caso -, falar português todos os dias - que continuo a calcular que seja o teu caso, embora infelizmente não seja o meu - e usar expressões que se apanhou em filmes e séries do sexo e a cidade.
    Outra coisa é estar fora do país há ano e meio e falar inglês todos os dias, tanto no trabalho como em casa, sob pena de não ser possível comunicar - eu realmente preferia falar português, mas esta gente não há meio de entender!
    Quando se vive fora e se fala mais inglês que português - e quem diz inglês diz outra língua - é natural que se ganhem certas expressões e que estas passem a fazer parte do nosso léxico pessoal, pois a língua é uma coisa dinâmica. E não, não é para mostrar cultura, porque não precisamos, já que falamos inglês mesmo no dia a dia. Para mim, o verdadeiro pedantismo é o teu, e passa mais pelo enorme esforço de não se deixar contaminar por expressões que se usa todos os dias - como a cambada de saloios dos emigrantes, era o que faltava -, que o contrário.
    Ah, e já agora, a definição de novo-riquismo não é essa.

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  13. Isso é perfeitamente normal... Até eu que vivo em Portugal e como tal falo em português às vezes uso expressões como o whatever... =)

    Bjinho***

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  14. Entendo-te muito bem. Eu escrevo português como quem escreve inglês, e isso soa por vezes muito estranho a quem lê, eu incluida ;)

    Por outro lado, adorei este teu pequeno texto, muito mais divertido por introduzires expressoes inglesas que sao tao únicas e de dificil traducao. Assim, viva a diversidade de expressao! Fez-me rir, muito giro :-)

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  15. Bem, tenho de dar a minha opinião como tradutora-com-aspiração-a-linguista que vive no estrangeiro há quase 3 anos.
    Realmente este post só pode ser entendido por pessoas que não moram em Portugal e que aprendem a gíria das séries de TV. Não é disso que se trata.
    Estou em Itália há 3 anos e estive 2 anos e meio sem conhecer UM ÚNICO PORTUGUÊS, logo sem acesso directo à minha língua mãe. Sim, porque falar 15 minutos com os pais ou com a amiga ao fim-de-semana não é suficiente ou teclar com ex-colegas de universidade no msn de vez em quando não é suficiente.
    No meu caso por exemplo a minha comunicação divide-se em italiano - trabalho com eles - e inglês - porque moro com ingleses. E apesar de sempre me ter considerado mais fluente em inglês, há coisas que só me vêm em mente em italiano.
    E sim, vejo algumas coisas do português a escapar-me por entre os dedos - se calhar porque não leio tanto (shame on me! - outra expressão que só soa bem em inglês, por exemplo) - ou porque a língua evolui e desenvolve-se. Vou a Portugal duas vezes por ano e por poucos dias...e apercebo-me que existem novas expressões ou piadas nacionais, tipo aquela coisa do "Duas palavras: Meeee-do"...das quais eu não presenciei a origem.

    Isto tudo para dizer que quando nos afastamos da nossa língua nativa e nos abrimos a uma outra língua (no meu caso duas, por isso tenho o cérebro em água) é natural que haja expressões, reacções que surjam nessas línguas. E não, não tem a ver com wannabe-intelectual e porque nos armamos em boas ou estrangeiradas. É somente porque pertencemos a um outro pequeno universo e a nossa linguagem acompanha essa mudança física.

    Um abraço,

    Rafa

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