1 de junho de 2010

Rocket science


É previsível, sempre que escrevo alguma coisa sobre capacidades intelectuais ou grau de educação, atrevendo-me a sugerir que nem toda a gente terá as mesmas capacidades, há sempre algum defensor do politicamente correcto que me cai em cima, acusando-me de snobismo intelectual, e vindo com o discurso da falta de oportunidades. Deixem-se de merdas, e de tapar o sol com a peneira, que sabemos bem que tal não é totalmente verdade. Há pessoas realmente mais capacitadas que outras, independentemente das oportunidades que têm de desenvolver essas capacidades. Se as oportunidades ajudam? Claro que ajudam, poderão até ser o factor mais importante, mas não são o único, e se a capacidade não estiver lá, não valem de nada. E se acredito que a inteligência é distribuída uniformemente, independentemente de raça, nacionalidade, ou camada social, não creio que seja distribuída igualmente entre todos os indivíduos.
E embora nada obste a que alguém altamente dotado escolha uma profissão de pouca exigência intelectual, o contrário não se pode verificar. Se por um lado poderão existir camponeses ou carpinteiros inteligentíssimos, dificilmente um perfeito idiota poderá ser físico teórico e estudar teoria das cordas. Porque os requisitos mínimos de exigência são mais altos. E quer se queira quer não, em termos estatísticos, isto contribui para que, escolhendo aleatoriamente, a probabilidade de um físico teórico ser mais inteligente do que um camponês, seja bastante elevada. E mesmo o maior defensor do politicamente correcto dificilmente me poderá dizer, com honestidade, que verdadeiramente acredita que o atolambadozinho do "ainda há pastores", cujos pontos altos da vida oscilavam entre a nova cassete do Quim Barreiros e a visita pontual ao bar de alterne, poderia ter sido neurocirurgião. Porque não é verdade.

74 comentários:

  1. Mas ainda haverá alguém à face da terra que acredite que somos todos iguais e que só estamos é subjugados às oportunidades?? É como acreditar no comunismo, na ausência de classes, nascemos todos para ser reis e senhores, temos todos os mesmos direitos e capacidades. Haja paciencia!

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  2. Não o é de facto Luna. E quem achar o contrário ou vive no País das Maravilhas ou é cínico.

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  3. Atenção: o facto de eu achar que, de facto, não temos todos as mesmas capacidades, não quer dizer que não ache que devamos ter todos os mesmos direitos, ou que num futuro ideal as classes se devam cada vez mais diluir.

    E embora o comunismo não tenha dado certo, devido ao totalitarismo e formação de novas elites, etc, acredito em muitos dos seus princípios e defendo o socialismo como o regime de maior justiça social. Exactamente porque nem todos têm as mesmas capacidades, as mesmas armas, e o sistema capitalista promove a lei do mais forte e da competitividade, onde os mais fortes ganham sempre, promovendo a injustiça e desigualdade social. E só um sistema socializante poderá proteger aqueles que nunca são os mais fortes, os que nunca ganham, da lei da selva.

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  4. epá...ate tens razao no q dizes, que nem toda a gente é brindada com o mesmo nivel de intelecto. Mas és chata como o caraças com a treta de conversa de intelectualismos, e educaçao, e licenciaturas e doutoramentos e o camander...epa és hiper mega esperta e inteligente e és naturalmente e tambem és porque tens educação e tiras doutoramentos e sabes coisas e escreves sem dar erros. You made your point, we got the pic. Nao percebo essa necessidade urgente que tens de te afirmar como intelectualmente superior e que ser assim é que é bom. Não és feia nem zarolha...nao percebo...

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  5. Será insegurança intelectual???
    Deve sentir-se a menos esperta da zona inteligente de Leiden.
    Faz lembrar também aqueles emigrantes que trabalham nas obras em Paris e quando cá vêm em Agosto só falam franciú.

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  6. Lá está, mas essa ideia de que tenho de afirmar alguma coisa não vem de mim, mas da vossa cabeça.

    Não sei se já repararam, mas quem refere sempre as minhas supostas capacidades não sou eu, antes pelo contrário. É com a mesma conversa: lá porque isto e porque aquilo e porque tens a mania e bla bla bla, o que me faz chegar à conclusão de que quem pelos vistos tem a mania de que sou esperta são vocês, muito mais do que eu.

    Eu não chego aqui a dizer: ai, sou tão esperta e tão boa e mimimi, até porque no meio em que me movimento, onde a maioria das pessoas é bastante esperta, e na maioria das vezes sinto-me bastante aquém, e que ando a apanhar bonés.

    Agora, não querem que esconda o que faço, ou me envergonhe dos meus amigos, não?

    É que basta referir qualquer aspectozinho da minha realidade, e que é, peço desculpa se vos incomoda, a de conviver essencialmente com pessoas com alta formação académica, e acham logo que é para me armar, ou para menosprezar o resto da população inteira. Não é, é mesmo só a minha realidade aqui na Holanda - que não é em nada reproduzida em Portugal, coisa que ficaram também muito ofendidos quando referi há uns meses.

    Quanto à treta da conversa de intelectualismos e etc., tirando quando falei de educação há uma catrefada de meses, não me parece que tenha voltado a falar no assunto. Falei agora, por causa do post sobre a suposta burrice da população de Leiden - da qual nunca me apercebi porque, e volto a pedir desculpa, os meus amigos daqui são bastante espertinhos.

    Quanto a insegurança intelectual, o facto de me cairem em cima sempre muito ofendidinhos, leva-me a crer que não é minha, mas vossa.

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  7. Estás a ver onde leva esta linha de pensamento? A avaliar pelos primeiros comentários pelo menos...
    Extrema-direita!

    Qualquer dia recebes um convite do PNR.

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  8. Creio que ignorar a minha resposta ao dito comentário foi propositado? Eu percebo, é chato não se ter por onde pegar.

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  9. Aliás, já escrevi muito resumidamente sobre a minha posição aqui:

    http://horas-perdidas.blogspot.com/2007/04/porque-sou-de-esquerda-verso-muito.html

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  10. Ah, e o facto que achar que nem toda a gente pode ser rocket scientist não quer dizer que defenda que os cientistas devam privilegiados por o serem e ganharem 10 vezes mais que os agricultores. Acredito que todos devem poder ganhar a vida dignamente com o seu trabalho, e que um trabalho não é obrigatoriamente mais importante que outro, apenas diferente, e que requer capacidades distintas.

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  11. Olá Luna
    Compreendo perfeitamente este post.
    E concordo. Há muita mania de achar que todas as crianças têm a mesma capacidade e que é culpa da criança/pai/mãe/professor que o miúdo ou a miúda não seja capaz de passar sempre com grandes notas. O passar "à rasquinha" já é mal visto e o chumbar é algo que traumatiza toda a gente.
    O importante não é aprender/ensinar. O importante não é adequar a vida às capacidades/gostos/sonhos.
    E claro que não é vergonha nenhuma não ter a capacidade/inteligência para ser físico teórico... o que não percebo é porque é que se age como se fosse (e não és tu quem está a agir assim, ok?)!

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  12. bom, nao vou agora correr o blog atras de posts à volta do assunto "inteligencia" "superioridade intelectual" "educaçao" e afins, mas tu que lês todos os coments e pelos vistos é um tema de que te acusam muitas x...dá que desconfiar certo? Eu pelo menos muitas x sinto-me a vergar perante o sistema democrático...creio que nao tens nada a provar, pq ja se prcebeu q nao és estupida, tens opinioes e tens um feitio...mas post atras de post ha, ainda que subliminarmente, uma denuncia tua a tentar por em bicos de pés e gritar "me me me, pic me, i'm clever"

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  13. Aqui na Holanda, por exemplo, ao longo dos anos de escola, as crianças vão sendo divididas em níveis, cada um adequado às suas capacidades de aprendizagem. Esses níveis não são estanques, e em qualquer altura, se a criança/adolescente demonstrar maiores capacidades, poderá passar para o nível superior.

    Há quem ache isto horrendo, ai, a limitar as criancinhas, que horror. Eu acho pragmático. E que funciona, pelo menos aqui na holanda - e alemanha, creio.
    As crianças com mais capacidades não vêem a sua aprendizagem limitada e atrasada, para manter o nível com os mais fracos. Por outro lado, os menos capazes não perdem o fio à meada por não conseguirem acompanhar o ritmo dos outros.
    O que dá origem a programas educativos adaptados a cada um, às suas capacidades e às expectativas que se têm, e cada um sai preparado para a opção que escolher, seja a de ingressar no ensino superior, seja com um curso profissional que o habilitará a entrar no mercado de trabalho.

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  14. É a tua opinião, não é a minha.

    Acho que é da vossa cabeça, e por algum motivo essa suposta inteligência incomoda-vos, sentindo necessidade de me atacar usando-a como pretexto. E a prova disso é só me lembrar de comentares nos posts sobre a educação, e neste, pelo que acho que mais que um padrão meu, há um padrão teu.

    Eu sou sempre eu, escreva piadas parvas, posts idiotas, faça montagens ridículas com o samsung diva, não preciso de provar nada a ninguém nem tenho medo de escrever parvoíces vazias de qualquer profundidade intelectual ou gozar comigo e fazer piadas auto-depreciativas. Da mesma forma não tenho medo de expressar a minha opinião, mesmo que não seja a da maioria, e defendê-la, argumentando, e aí uso das minhas capacidades de argumentação. Parece-me normal.

    Mas em lado nenhum sou eu a gritar pic me, pic me, porque não preciso disso. Mas por algum motivo é só o que vês, e incomoda-te, tendo necessidade de mo vir dizer repetidamente. E isso diz mais de ti do que de mim.

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  15. P.S. A última vez que toquei no temática da educação, foi em setembro. Estamos em Junho.

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  16. Cada um é para o que "nasce".


    Talvez assim a frase seja menos dada a interpretações tolas.

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  17. Tanto isto que dizes é verdade, como é verdade que todos, independentemente das suas capacidades, fazem falta. Se não houver camponeses, os rocket scientists não comem.
    E não há mal nenhum em reconhecer esta realidade, nem acho que seja de extrema direita defender diferenciação na escola e aprendizagem. Se calhar até contribui para que quem não tenha capacidades ou apetencias para uma vida académica se sinta mais valorizado e se desenvolva capazmente dentro das suas capacidades.
    Ao contrário, cá em Portugal o ensino está direccionado para a entrada na faculdade, e já se viu a asneira que dá. Não se aposta em cursos de especialização ou intermédios, e acabam muitos com canudo a fazer o que não gostam ou para o que não estão vocacionados.

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  18. I:

    concordo plenamente contigo. Em tudo. Todas as profissões são necessárias, e cada um deve ser reconhecido pelo seu trabalho e importância.
    O que não quer dizer que todos tenhamos as mesmas capacidades, porque não temos. Se é injusto, claro que é. Mas também é que não nascamos todos iguais à Monica Bellucci, eu pessoalmente gostava muito, mas olha, é a vida.

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  19. onde se lê nascamos, leia-se nasçamos.

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  20. Sim se desse para escolher, andava aí muita Monica Belluci, eu incluída :D
    É injusto, mas é a alea de que a vida é feita. E como dizia o Júlio, alea jacta est, o que no fundo vem de encontro ao que dizemos: não interessa tanto a sorte (ou falta dela) que temos, mas a forma como a usamos.

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  21. Espectáculo!
    Olha, eu estudei física, trabalho como "aerospace engineer" e continuo o mesmo burro de sempre!

    Nao sei é se o facto de gostar das tuas opinioes e da forma como te bates por elas é um elogio ou uma depreciacao... Por ser burro.

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  22. Pedro

    Ambos sabemos que não és burro. A falsa modéstia é uma coisa muito feia. :)

    (aposto que até percebes um bocado de string theory)

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  23. Concordo com o que dizes sobre não termos todos as mesmas capacidades. Mas penso que pões muita ênfase na inteligência. A inteligência vale de pouco se não fizeres nada com ela. Penso que as pessoas não devem ser avaliadas pelo QI mas pelas mudanças que desencadeiam no mundo.

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  24. Sem dúvida, não vale de nada se não fizermos nada com ela, mas sem ela também é difícil desencadear essas mudanças.
    Ninguém aqui duvida que Martin Luther King fosse um homem intelectualmente superior, creio. E de que dificilmente o emplastro pudesse desencadear uma revolução cultural...

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  25. Aí discordamos. Não me refiro ao Emplastro, é óbvio. Mas não é preciso ter um intelecto superior para desencadear mudanças no mundo.

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  26. Eu não digo que é preciso ter um intelecto superior, mas que é preciso um mínimo.

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  27. "As crianças com mais capacidades não vêem a sua aprendizagem limitada e atrasada, para manter o nível com os mais fracos. " Lindo...já te faltou mais para começares a falar de raças superiores...

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  28. comentar em setembro, e depois em Junho, é dizer qqr coisa repetidamente? Mas tá bem, leva o triciclo. Estou bastante incomodada com o que escreves, desculpa lá qqr coisinha. Voltarei daqui a 9 meses pra dizer qqr coisa de extremamente positivo e elogiar a tua pessoa. Ou nao, senao pareço incomodada com o que escreves de positivo.

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  29. Lena

    não há raças superiores, mas há pessoas com mais facilidade em aprender, e que podem beneficiar de níveis mais avançados nas escolas. Da mesma forma, aqueles com mais dificuldade, em nada beneficiam de um programa escolar mais avançado do que podem acompanhar. A aprendizagem adaptada ao ritmo de cada um faz sentido, não sendo nem os mais avançados prejudicados pelos mais fracos, nem vice-versa.
    Não se trata de segregação, mas de adaptação às necessidades de cada um. Não querer ver isto é no mínimo, falta de bom senso.

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  30. Pontinha Verde:

    em Setembro comentei a falta de formação em Portugal - assunto deveras sensível para o teu lado, pelos vistos.

    Desta vez comentei um mito urbano sobre a população de Leiden, e o facto de acreditar que nem toda a gente tem as mesmas capacidades intelectuais, tal como nem toda a gente é igual à monica bellucci.

    Se falar de dois assuntos diferentes, espaçados por 9 meses é repetir-me, enfim...

    Já os teus argumentos e acusações à minha pessoa são fundamentalmente os mesmos, sendo que não existem mais comentários nenhuns ao longo destes 9 meses.

    E a diferença é que eu, de facto, escrevi sobre outras coisas durante este tempo. E aqui, pelo menos, tu não.

    Não preciso que me venhas comentar positivamente, mas se só comentas negativamente e no mesmo assunto, e para me dizer que sou convencida e quero provar que sou esperta, e que sou chata, e que passo o tempo a dizer pick me, e yada yada, dá a sensação de que realmente que te incomoda muito.

    Epá, e se tiver a mania? So what? O que é que isso te afecta?

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  31. Até comçaste bem. Aliás todo o discurso foi coerente e eu concordo. Porque agora utilizaste expressões minimamente aceitáveis. O que é triste é a expressão" os mais fracos"...e claro, não podia terminar sem o clássico: "Não querer ver isto é no mínimo, falta de bom senso".. porque sim... porque pronto... porque a razão está sempre, sempre do teu lado.

    no que respeita ao menino que fuma, horrível né? Tb acho... talvez porque ambas fomos criadas à luz da cultura ocidental. Mas as culturas são diferentes e não as há superiores nem inferiores...só diferentes... Experimenta enriquecer ainda mais o teu intelecto com um livrinho de antropologia.

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  32. (Fizeste-me corar com o string theory)

    Às vezes acho que merecias um prémio pela tua paciência! :)

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  33. Lena

    sugiro então que me forneças um eufemismo para "mais fracos", porque, de facto, fico sem saber como me referir a pessoas com menos capacidades sem ferir susceptibilidades - eu achava que mais fracos era bastante melhor que burros que nem uma porta, mas pelos vistos continua a ser excessivamente ofensivo.

    Quanto às diferenças culturais, entendo-as, em muitos contextos. Mas o facto da mãe do petiz revelar extrema preocupação com a situação leva-me a crer que não lhe é totalmente alheio o conhecimento das terríveis implicações que fumar tem na saúde do seu bebé, seja ou não uma diferença cultural. E não é preciso ser formado em antropologia para perceber que o comportamento do pai do bebé é irresponsável, negligente, e de uma profunda estupidez, porque põe em causa a saúde e qualidade de vida futuras do seu filho. Os tempos mudam, e as culturas adaptam-se consoante a evolução dos conhecimentos.

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  34. e ha ensino para pessoas normais? regulares, com um QI qb?

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  35. Pronto, já faltava o socialismo de pacotilha, a proibir expressões e o caneco. É o eduquês em pleno. Não há alunos fracos, claro que não. Não vamos estigmatizar as criancinhas, credo.
    No meu tempo, havia. Fracos, assim assim e até brutos como penedos. E brutas também. E não desfazendo, eu maçava-me de morte nas aulas, enquanto a professora explicava pela enésima vez o mesmo bê-a-ba.
    E se a escola pública anda a cair para as ruas da amargura é porque muitos pais com meios para tanto fogem como diabo da cruz desta praga do eduquês, de todos têm capacidade e não sei o quê e enfiam os miúdos na privada. A ver se lá aprendem alguma coisa, em vez de estarem em turmas que andam a toque de caixa do mais burro, não vá a criança sentir-se obrigada a trabalhar (deus nos livre!) ou fique traumatizada e com problemas nervosos se chumbar(cruzes credo!).
    E os que verdadeiramente têm capacidades, mas não possibilidades económicas de ir para a privada ficam reféns desta mediocridade. Jasus senhor. Qual é o mal de divir as turmas, por os melhorzinhos a fazer qualquer coisa que não olhar para o tecto (ou desenhos) enquanto os mais atrasados, ups, fracos, ups, intelectualmente desafiados, são devidamente instruídos e aprendem de facto?

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  36. Sim, há. Há 3 níveis, um para os "intelectualmente desafiados", outro para os médios, e outro para os melhores.

    Aqui está uma explicação detalhada:

    http://en.wikipedia.org/wiki/Education_in_the_Netherlands

    (em qualquer altura os alunos podem transitar entre os diferentes níveis, se mostrarem capacidades para)

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  37. Os comentários a este post só demonstram que há (muita) gente muito mesquinha.
    De facto, Luna, gabo-te a paciência.
    Acho que o texto é bastante explicito e parece-me que há muita gente a vir aqui expor opiniões só porque gosta de gerar conflito.
    E é preciso continuar a explicar, vezes sem conta, às pessoas, o que é um blogue pessoal, o que é a liberdade individual... enfim...

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  38. eu vou comentar neste pró caso de dizer baboseiras, não dar muito nas vistas. A inteligência é, também, desenvolvida, os legos, os problemas de matemática, a leitura e essas coisas fazem os bichinhos cinzentos multiplicarem-se. E mais aprendes, mais queres aprender (acho eu). Claro que, no campo, não há pachorra para legos nem livros, há trabalho, tvi e afins e isso passa de geração para geração. Não são menos do que os outros, lá está, é como a beleza, podes aprender a ficar mais bonita e isso não faz de ti uma pessoa superior mas convenhamos, é digno. O desenvolvimento da inteligência, em qualquer idade, é bonito. E depois acho que há predisposição genética para a inteligência mas isso já não é a minha área, é a tua.

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  39. A minha mãe é professora de 1º ciclo com bastante experiência. Há crianças de todo o tipo. Muitas há que por mais que se explique, que se tente de outra forma, não aprendem. Enfim não dá. Os pais não querem os filhos retidos. Por isso em Portugal nenhum aluno pode chumbar no 1º ano mesmo que não tenha noção numérica nem saiba ler. Os que aprendem rápido são prejudicados pelos que aprendem mais lentamente e vice-versa. Os pais fogem da responsabilidade de educar delegando-a na instituição escolar.
    Sim, o nosso sistema de ensino devia mudar. O da Holanda (por aquilo que contas) parece-me mais adaptado às capacidades de cada um.

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  40. A igualdade de oportunidades, ao que vejo por cá, tem algumas limitações: A educação terá muito a ver, mas vivemos num país de elites. Basta sair de Lisboa e olhar bem para tudo e ve-se que um pastor taralhoco que vá às putas dá um excelente funcionário público. É injusto, é. E com já vi algures, quando uma mulher incompetente tiver tanta facilidade em subir na carreira como um homem incompetente.. aí sim.

    Uma coisa cá é um caso sério: é que temos um regime de double-standards que não ajuda ninguém.

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  41. Nunca percebi porque é que é uma falha muito grave dizer que há pessoas com mais e menos capacidades. Tenho amigos meus que entraram na faculdade com notas bem mais altas que as minhas sem quase pegarem num livro. Eu tive que estudar um pouco mais. Mesmo agora, no meu curso, tenho colegas que, por ir a meia dúzia de seminários, percebem coisas que eu tenho que ler 2 vezes para o perceber. Serei mais burra que eles? Talvez. E então, qual é o problema? Qual é o mal de se lhes chamar as coisas pelos nomes?
    Por outro lado, tenho amigos que são os primeiros a admitir que não conseguiriam estar no meu curso - que há muita coisa para decorar, que há muita coisa para ler e muita responsabilidade no futuro. Dizem eles não ser capazes de tal. E então?, pergunto eu.
    Não vamos esperar que gente com mais dificuldades a aprender vá para neurofisiologia avançada. Porque não vai.

    Deixem-se de tretas e de falsos moralismos. Nem todas as cabeças são iguais e, tal como dizes, Luna, "Se por um lado poderão existir camponeses ou carpinteiros inteligentíssimos, dificilmente um perfeito idiota poderá ser físico teórico e estudar teoria das cordas. Porque os requisitos mínimos de exigência são mais altos.".

    E já me alarguei bastante.

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  42. (e a quantidade de erros de sintaxe no meu texto é impressionante. Nota para a própria: deixar de escrever comentários longos quando estiver a morrer de sono)

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  43. Com esta leitura da caixa de comentários quase me esqueci do que ia dizer...adiante! Quando li o post no reader não vi logo de quem era. Li e pensei, tenho de mandar à Luna porque ela vai assinar (echo!) e eu vou subscrever. Concordo plenamente contigo, ponto por ponto, linha por linha. Inclusivamente com os comentários. E não te estou a "fazer o favor", sabes que não "faço fretes". Na semana passada, curiosamente, tive esta mesma conversa com o meu ex-holandês. Ele ficou pra trás no seu 7° ano porque não queria estudar (coisas próprias da idade da parvalheira), e quando os amigos evoluíram e ele não, decidiu dar corda aos sapatos, e deu. E chegou onde lhe apeteceu e tem efectivamente uma inteligência acima da média e de parvo não tem nada (de louco não posso dizer o mesmo, mas enfim). O certo é que lhe mandei "dois berros" via chat quando me começou com a conversa do mimimi, coitadinhos dos que não têm oportunidade de aceder onde nós acedemos. E eu, que vivi sempre numa realidade privilegiada, mas que convivo com outra muito pouco priv. (ya ya Candeia, mas c'est vrai), e que vejo como as oportunidades nesse contexto são dadas de forma equivalente e como os miúdos optam por chegar mais longe ou são, pura e simplesmente, incapazes de o fazer porque a inteligência não é distribuída equitativamente, fiquei possuída e quase vou aos gargamelos do ex por ser capaz de ser tão tapado quão inteligente. Já me estiquei, não sei se fiz muito sentido, mas tá dito: concordo, assino, subscrevo inteiramente o que disseste.

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  44. Teoria das cordas????? Sua exibicionista!!!!!!É que é logo a a matar.Oh mulher que paciência a tua. Discutir o indiscutivel. Somos todos diferentes e isso é, necessáriamente, uma coisa boa.Gosto especialmente do Stephon Ale, propósito da teoria das cordas sobre a qual não entendo a ponta de um chifre.

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  45. E tu achas que eu percebo da teoria das cordas (além do conceito base)? Claro que não. Só dei como exemplo porque aí há uns tempos, num curso de communication in science, conheci um cromo que estava a fazer doutoramento em string theory. E não é que, curiosamente, o gajo me parecia assim a dar para o esperto?

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  46. Luna: em primeiro achei que foste modesta em relação ao meio que te rodeia. Há sempre pessoal com mais experiência que nós e felizmente estamos sempre a aprender.
    Normalmente quem tem mais formação tem sempre algo interessante a dizer mas uma pessoa com pouca escolaridade também a tem. Digo isto estando no meio académico e continuando a compreender o teu ponto de vista.
    Agora há um ponto que gostava de sublinhar eu por exemplo acho tediante um trabalho num laboratório, que tem a sua importância para a sociedade mas prefiro Arte. Gostava de saber o que pensas disto? Se quem está no meio da Arte são todos "romantizados" com um tipo especifico de habilitação que intelectualmente pode ser questionado. Pergunto isto por pura curiosidade, sem nenhum tipo de julgamento porque acho que todas as áreas são importantes, e que a formação muda muito uma pessoa.

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  47. E outra questão nem sempre se trata de capacidade mas de opções. Há quem tenha capacidade para ser cientista e prefira ser "entertainer", por exemplo.

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  48. Ana:

    quando vi a tua questão, lembrei-me imediatamente deste texto, que escrevi em 2005:

    http://horas-perdidas.blogspot.com/2005/02/gostava-muito-pronto.html

    creio que é claro que respeito a arte como manifestação de talento, e capacidade intelectual. Como digo, a inteligência e talento não tem obrigatoriamente de ser num único campo, há vários, das ciências, às artes, às humanidades. O que é importante é que cada um desenvolva os seus talentos e capacidades dentro das áreas de maior apetência.
    E, pessoalmente, tivesse eu algum talento, e gostaria muito de ser artista.

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  49. P.S. Além de que as artes estimulam a criatividade, e, consequentemente, obrigam ao trabalho da massa cinzenta, resultando em desenvolvimento intelectual. E pegando no teu exemplo de entertainer, ninguém duvida que Jerry Seinfeld seja incrivelmente dotado, ou duvida?

    (já se falares daqueles atrasados mentais que aparecem nos tesourinhos deprimentes a fazer habilidades disparatadas, enfim, no comments)

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  50. A propósito do sistema educacional na Alemanha: não funciona.
    Pura e simplesmente, não funciona, e é um imenso cancro social.
    Na prática, o sistema escolar filtra os fracos, para não estorvar os filhos dos fortes - não necessariamente os mais inteligentes, mas os que têm uma vida regrada, tomam o pequeno-almoço antes de ir para a escola, têm a mãe (alemã e com curso superior) em casa a ajudar a fazer os trabalhos de casa, têm com que pagar as explicações, são proibidos de ver televisão e jogar computador, vão para a cama às oito, têm um consumo controlado de açúcar, são dopados com ritalina, etc. - todo um programa para aumentar as capacidades competitivas e não perder o comboio elitário.
    Os outros vão para uma escola menos exigente (Realschule), ou para uma da pesada. Nesta (Hauptschule) juntam-se miúdos a quem, aos dez anos de idade, foi dito: tu nunca passarás de um zero à esquerda.
    Claro que isso não é o que lhes dizem, é o que eles sentem quando recebem o veredicto: tu tens uma inteligência mais prática, esta escola convém-te mais.
    O ambiente nessas escolas é terrível. Miúdos cheios de ressentimento e sem esperança no futuro. Já no início da adolescência.
    Como se não fosse suficientemente mau, é óbvio que essas escolas só são frequentadas pelos mais pobres, pelos filhos dos imigrantes que não se conseguem integrar, pelos marginais, pelos excluídos.
    Belo gueto escolar.

    E agora pergunto: se é certo que as pessoas nascem com capacidades diferentes, porque é que não há entre os cientistas de ponta mais gente oriunda das classes de mais baixos rendimentos? E porque é que não se encontra nesta Hauptschule nenhum filho de médico?

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  51. Não vivo na Alemanha, não sei como funciona aí, sei apenas como funciona aqui - e funciona, porque querendo pode-se transitar entre os diferentes tipos de ensino, e nada obsta a que se o faça.

    Quanto aos cientistas de ponta, não sei se a pergunta se refere à alemanha ao em geral.

    Os meus colegas não vêm propriamente de elites holandesas, tenho colegas das ex-colónias, como suriname, aruba e curacao, ou de países como a turquia, nigéria, etc, e também vejo miúdas com veu a dar com um pau, ou seja, muitos filhos de emigrantes, e outros de famílias de farmers que ainda usavam socas de madeira lá no campo.

    Ou seja, não me parece que os meus colegas cientistas sejam todos filhos de médicos, antes pelo contrário. E durante uma conversa, no outro dia, apercebi-me de que muitos são da primeira geração de licenciados da sua família.

    Se o sistema poderá não ser perfeito? Certamente não é. Mas o português também não resulta melhor. E basta ver os 70% da população com apenas ensino básico em portugal, face aos 30% da Holanda (e 20% na Alemanha, já agora). Sem falar na percentagem de licenciados, que na Holanda é o dobro da de Portugal.

    gráfico aqui: http://4.bp.blogspot.com/_l9W1_kc7cP0/SrJktKDTy8I/AAAAAAAADnU/ScwjS1oSpBw/s1600-h/ensino+superior.JPG

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  52. Luna,
    a pergunta era geral. Em qualquer país do mundo, a percentagem de filhos de "burros" (como você diz tão descuidadamente) entre os cientistas de ponta é bem inferior à percentagem de "burros" na população geral. Se fosse apenas uma questão das capacidades com que cada um nasce, o mais normal é que essas capacidades se distribuíssem uniformemente por todos os grupos sociais.

    Os seus colegas são fraca amostra. Primeiro: não é assim que se fazem estatísticas. Segundo: o que me quer dizer com a origem deles? Será que quer provar que na Nigéria e na Turquia não são todos "burros", já que alguns até conseguem ir fazer um post doc para a Holanda?
    É evidente que nos países não europeus também há uma elite.
    Quanto aos seus colegas filhos de emigrantes: não lhe ocorreu porventura que essa gente chega à universidade não apenas por ter nascido inteligente, mas porque - e sobretudo - houve um esforço enorme para dar oportunidades iguais aos filhos dos inteligentes e aos filhos dos "burros"?
    Mais: em que país do mundo encontra estatísticas que mostram que a percentagem de alunos do ensino superior proveniente de famílias de imigrantes é igual ao peso deste grupo na população geral?

    É pena que não saiba alemão. Na wikipedia encontrava um artigo que é um mimo sobre desigualdade de oportunidades no ensino.
    Um pequeno resumo do que lá vem:

    1. Linguagem - Bernstein: mesmo tendo o mesmo nível de inteligência, pessoas da classe trabalhadora usam palavras, frases e intervalos entre as palavras mais curtos que pessoas da classe média. Mais: conforme a origem social, as pessoas dão significados diferentes à mesma palavra.

    2. Desenvolvimento cognitivo - nos primeiros 15 meses de vida, as crianças de todas as classes sociais desenvolvem-se mais ou menos à mesma velocidade, com uma excepção: os filhos das classes trabalhadoras acusam melhor desenvolvimento motor. Cinco anos mais tarde, há diferenças substanciais entre os grupos sociais). Já com 24 meses, as crianças da classe média mostram um avanço claro em relação às da classe trabalhadora.
    (em termos de capacidades individuais, parece-me que estamos conversadas)

    3. Motivação para aprender - Oerter: crianças da classe trabalhadora estudam para receber elogios; crianças da classe média estudam pelo simples gosto de aprender.

    4. Pobreza - Ruby Paine sustenta que crianças que crescem em situação de pobreza desenvolvem traços de carácter que lhes são prejudiciais na escola. Esta funciona de um modo mais adequado para as crianças típicas da classe média.

    5. ... etc. etc. etc. - discriminação, segregação, preconceito do professor (começa no nome: alunos chamados Kevin têm notas piores que alunos chamados Sebastian), até ao "efeito-Mateus" - aquela passagem do Evangelho onde se diz "quem muito tem, muito lhe será dado; quem pouco tem, até isso lhe será tirado".

    Em suma: é claro que só chega a cientista quem é inteligente e tem muitas capacidades. Mas: porque é que outros, que nascem inteligentes e com capacidades, ficam pelo caminho?

    Voltando à sua frase inicial: "sempre que escrevo alguma coisa sobre capacidades intelectuais ou grau de educação, atrevendo-me a sugerir que nem toda a gente terá as mesmas capacidades, há sempre algum defensor do politicamente correcto que me cai em cima, acusando-me de snobismo intelectual, e vindo com o discurso da falta de oportunidades."
    Não é politicamente correcto, é o state of the art das ciências sociais. E eu não diria que exibe snobismo intelectual. Parece-me mais uma exibição daquilo a que em ciências sociais se critica como o erro do "senso comum".
    Como é possível falar do generalizado baixo nível intelectual dos agricultores de uma região, e achar que isso é só uma questão das capacidades individuais?

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  53. "... Nesta (Hauptschule) juntam-se miúdos a quem, aos dez anos de idade, foi dito: tu nunca passarás de um zero à esquerda.
    Claro que isso não é o que lhes dizem, é o que eles sentem quando recebem o veredicto: tu tens uma inteligência mais prática, esta escola convém-te mais."


    Se eles forem inteligentes e além disso tiverem um espírito competitivo vao tentar provar a quem lhes disse isso que estava enganado.
    Que outra explicacao posso eu dar, filho de operários e primeiro licenciado na minha família?


    ... crianças da classe trabalhadora estudam para receber elogios; crianças da classe média estudam pelo simples gosto de aprender...
    Ou entao:
    criancas da classe trabalhadora estudam para sobreviver; criancas da classe média estudam por obrigacao.

    Generalizacao por generalizacao, gosto mais desta.

    Pedro

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  54. Pedro,
    muito eu gostava de o ver a frequentar uma Hauptschule alemã durante a adolescência. Muito eu gostava de o ver a conseguir chegar ao ensino superior a partir daí.
    Não imagina com certeza o ambiente dessa escola. Uma amiga minha é professora numa dessas, e fala com tristeza do alívio que alguns professores sentem quando os alunos chegam à idade em que já podem ser mandados para a cadeia. Finalmente deixam de chatear na escola. Uma escola de onde saem muitos mais delinquentes que alunos universitários, diga-se de passagem. E o Pedro, imagina-se a fazer uma brilhante carreira escolar num ambiente destes?

    Outra coisa: que é ser inteligente?
    Que parte do ponto 2 do meu comentário anterior é que o Pedro não percebeu?
    E que espírito competitivo é esse que os alunos devem ter para tentarem provar alguma coisa a um professor? O Pedro nunca ouviu falar daquela experiência de terem dito a um professor, no início do ano lectivo, que tinha uma turma muito fraquinha, e que aquela turma, que era muito boa, de repente passou a ter mau rendimento?

    Aliás: em que selecções do Reader's Digest é que leu essas história do sonho americano? A vida real é muito diferente.
    Se o Pedro, filho de operários e primeiro licenciado da família, conseguiu dar o salto, dou-lhe os meus mais sinceros parabéns. É um caso raro.

    Quanto à sua generalização: o que o *estudo científico* dizia era que crianças da classe trabalhadora estudam para receber elogios e crianças da classe média estudam pelo simples gosto de aprender. Não se falava da sua dicotomia "sobreviver/obrigação". Tanto mais que as da classe média também sabem que sem estudos não chegarão longe em termos de qualidade de vida.

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  55. Tinha escrito um comentário gigante de resposta à Helena, que por algum motivo desapareceu. Não estou com coragem de repetir tudo, pelo que me irei ficar porlos pontos mais importantes.

    1. Não faço estatísticas da origem familiar dos cientistas do mundo, até porque era coisa para tomar um bocadinho de tempo, pelo que me cingi à minha experiência, e que consiste em conviver com filhos de emigrantes e não só de elites na universidade, em resposta à afirmação de que para a escola dos burros iam só os filhos de emigrantes e classes mais baixas. A referência a outros países era só para ilustrar este ponto, as restantes interpretações não são minhas.

    2. Eu acredito que a inteligência é distribuída uniformemente, independentemente da raça ou classe social, no entanto acho que não é igual entre todos os indivíduos.

    "E se acredito que a inteligência é distribuída independentemente de raça, nacionalidade, ou camada social, não creio que seja distribuída igualmente entre todas as pessoas."


    2. Acho que devem ser dadas oportunidades iguais a toda a gente, independentemente da sua classe social, pelo que acho muito bem que exista esse esforço por parte do estado. O facto de eu achar que nem todos têm a mesma capacidade, não quer dizer que não ache que a todos deva ser dada a oportunidade de desenvolver as capacidades que têm ao máximo.

    3. Não vivo na alemanha, pelo que desconheço a realidade alemã. Falo da Holanda, o país onde vivo.

    4. Nunca disse que não acho que a falta de oportunidades não seja um factor importante, senão o mais importante. Apenas acho que não é o único. Aliás, deixo um excerto do meu texto, que presumo ter lido:

    "Se as oportunidades ajudam? Claro que ajudam, poderão até ser o mais importante, mas não são tudo, e se a capacidade não estiver lá, não valem de nada."

    Se as oportunidades fossem o único factor, como explicar que numa família de vários irmãos, aos quais são dadas as mesmas oprtunidades, mesma educação, estudando nas mesmas escolas, uns sejam bons alunos e sigam para a universidade, e outros não e prefiram outro tipo de profissão.

    5. Para finalizar, em lado nenhum digo que o baixo nível intelectual da população de Leiden se deve a baixas capacidades intelectuais. O que eu digo, é que a tal população, pouco educada, tem fama de ser pouco dotada de intelecto - possivelmente por ser pouco educada - mas tendo em conta que não convivo com essa população, mas apenas com pessoas ligadas à universidade ou à agência espacial, ou seja, pessoas que tiveram acesso à educação, não sei dizer, visto que estas últimas me parecem bastante espertas.

    Quanto às outras interpretações todas, devem-se a descontextualizações de afirmações minhas em resposta a perguntas ou comentários concretos, ou mesmo devido a fazer paralelismos entre textos diferentes que focam assuntos diferentes. E isso já não é culpa minha, mas de quem lê.

    P.S.1. só um aparte: depois de tantos discursos politicamente correctos sobre o valor e capacidades das pessoas independentemente do seu nível de escolaridade, dizer que por alguém ir para uma escola vocacionada para um ensino mais prático é equivalente a dizer-lhe que será "um zero à esquerda" a vida toda, parece-me algo forte, não?

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  56. Sintetizando (embora não tenha entendido muito bem o ponto 5): parece-me que a grande diferença é que a Luna dá mais importância às capacidades, e eu (e mais um ou outro investigador da área das Ciências Sociais) às oportunidades. O que não vale nada (ou muito raramente ajuda alguma coisa) é nascer com capacidades, mas no contexto social errado.

    Quanto ao P.S.1: Insiste no politicamente correcto? Estou-lhe a falar de resultados de estudos. Estou a dizer-lhe que o nível de escolaridade está fortemente ligado às oportunidades que uma pessoa teve. Por exemplo, nascer na família certa. E é forte, é. Se lesse o comentário de resposta ao Pedro, percebia como é forte. Nem calcula o que alguns pais fazem para evitar que os seus filhos caiam nessas escolas "mais vocacionadas para um ensino mais prático" (estou a falar da Hauptschule, não da Realschule).

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  57. Não, Helena. Dou também muita importância às oportunidades, embora não ignore por completo as capacidades.

    E acho que a longo prazo, a falta de oportunidades implica a pobre estimulação do intelecto, reflectindo-se numa maior discrepância a nível intelectual na idade adulta, quando essa diferença poderia não existir em criança. E que seja porque razão for, essa diferença está lá e é visível, e não pode ser ignorada. Ou seja: seja por falta de capacidades ou por falta de educação, a verdade é que existem adultos menos dotados.

    Ou seja: até estamos de acordo, e a assumpção de que não estamos, deve-se à descontextualização do que tenho vindo a dizer, misturando dois textos que não têm nada a ver, à excepção de um ser consequência de comentários ao outro.

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  58. Desculpa-me lá o vernáculo Luna mas eu li acima que «Basta sair de Lisboa e olhar bem para tudo e ve-se que um pastor taralhoco que vá às putas dá um excelente funcionário público».
    E eu fico fodido como o preconceito em relação ao resto do país (que nem conhecem) de alfacinhas que são os bacocos urbanos europeus, filhos de toda a escória do resto do país que não conseguia emprego durante os últimos 200 anos.
    Foda-se! Mas Lisboa não é o sítio onde há mais putas em Portugal??!! São para que funcionários públicos? Para os do Fundão??

    No Alentejo (uma das regiões civilizadas do país, onde as ruas estão limpas porque as pessoas são asseadas, ao sontrário de Lisboa) até se conta a seguinte anedota: Sabem o que iam os alentejanos fazer a Lisboa há 30 anos atrás? Iam às putas.
    Sabem o que vão os lisboetas fazer ao alentejo hoje em dia (e estão a infestar aquilo)? Vão à procura dos pais.
    Impressionante.

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  59. Luna, tentei ler os comentários até ao fim, mas estou sem tempo, volto noutra altura para ler com atenção.
    No entanto, acerca do que li, post incluído, gostava de dizer que a Luna, não é, definitivamente, uma pessoa politicamente correcta. Mas isso, a meu ver, é uma coisa boa. Hoje em dia, ser politicamente correcto não leva a lado nenhum, porque o politicamente correcto é uma hipocrisia. Fazem falta pessoas assim, que dizem o que pensam sem "medo" de ofender e ferir susceptibilidades. Até porque aquilo que diz, no post e nos comentários posteriores, não é mentira nenhuma.

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  60. Luna...acho que nenhum de nós (os primeiros que responderam ao post) tem uma ideia diferente da tua sobre as oportunidades que cada pessoa deve ter. Embora...é pá...cada um é para o que nasce. E todos precisamos uns dos outros.

    A mim, por acaso, incomoda-me é ver pessoal aqui acusar a "dona" do "espaço" de se achar intelectualmente superior. E daí? Se ela achar? Às tantas até o é e ainda bem. Estes serão, por certo, os que dizem, numa comparação mal feita, que o Mourinho é um arrogante da treta e o Ronaldo um vaidoso que mete dó. O tuga lida mal com o sucesso e o valor alheio (principalmente se as pessoas em questão tiverem noção disso e não se fizerem de (falsos) modestos...

    BEIJOOOOOOOOOOOO

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  61. Luna, antes de mais, há que definir Inteligência. Há uma teoria, a teoria das inteligências múltiplas que define vários tipos de Inteligência. Sim, eu sei que é só uma teoria, mas afinal todas as opiniões aqui expressas e discutidas não são mais do que teorias...

    Se, como premissa, aceitarmos tal teoria como verdadeira, então o que dizes apenas se verifica se tomarmos um subconjunto de inteligências (a lógico-matemática, a verbo-linguística e, talvez, a visual-espacial). Ou seja, o Cristiano Ronaldo pode não ser grande espingarda no que toca à sua inteligência verbo-linguística mas a sua inteligência corporal e quinestésica (tirei esta tradução dum site da Universidade do Porto) rebenta com a escala (se essa escala existir, claro...). O mesmo se pode dizer dum, sei lá, examinador de patentes cuja inteligência corporal e quinestésica (estou a começar a gostar desta expressão e acho que vou começar a usá-la com frequência) nunca atingiu grandes níveis, ou de um agricultor cuja inteligência lógico-matemática (aquela que mais frequentemente se mede usando o QI) não é grande coisa, mas que tem uma inteligência naturalista acima da média.

    Se eu alguma vez vier a precisar de um neuro-cirurgião, espero que ele tenha um alto coeficiente das inteligências necessárias para que seja competente no exercício das suas tarefas, mas se vier a precisar de um pintor, estou-me a borrifar para as inteligências do neurocirurgião e quero é o que o pintor, mais uma vez, tenha um alto coeficiente das inteligências que o tornam num pintor competente, and so on, and so on...

    Há pessoas menos inteligentes? Há, pois (não sei se estão todas em Leiden, no entanto; por Haia também há umas quantas...)! Como há, também, pessoas menos esteticamente agradáveis (se um gajo diz mais feias, está o caldo entornado). Mas todos conhecemos alguém no liceu que era, ao mesmo tempo, uma nulidade a matemática e um ás a trabalhos manuais (e que, provavelmente, não veio a ser físico nuclear). Não deixa de ser inteligente por isso, mas provavelmente toda a gente achava que ele tinha dificuldades de aprendizagem (se um gajo diz burro, ai meu deus...).

    É só uma questão da definição (ou teoria) a usar, não é?

    Quanto à questão das oportunidades, todos nós conhecemos alguém que, tendo tantas ou mais oportunidades que nós, nunca as conseguiu aproveitar, certo? Pois bem, se a Inteligência fosse igualmente distribuída e fosse só uma questão de oportunidades, estes casos não existiam... A questão mais importante é saber se os nossos sistemas de ensino potenciam as nossas melhores inteligências ou, pelo contrário, privilegiam só algumas delas e esquecem as outras deixando, assim, uma data de pessoas para trás.

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  62. Acho este tema fascinante. É pena que algumas pessoas entendam tudo como críticas e ataques pessoais (refiro-me aos comentários). Para quem tiver interesse e paciência, aconselho a leitura de artigos sobre a teoria das inteligências múltiplas, de Howard Gardner.

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  63. É um tema muito interessante e acho absurdo que muito pessoal o leve a peito. Tenho duas filhas e já vi que a de 8 anos é mesmo muito inteligente (não sendo um génio, mas tem óptimas notas). A mais nova tem 8 meses e, com o tempo, posso descobrir que a miúda não manda uma para a caixa. O que faço? Dou-lhe a oportunidade de tirar Astrofísica, embora saiba que nem sabe fazer somatórios?

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  64. Mas tenho de concordar com o NSC... os lisboetas são uns porcalhões. E eu sou lisboeta! Mas cada vez que vou a Lisboa fico mais e mais desiludida, que cidade suja, desarranjada. Faltaram oportunidades na educação dos alfacinhas?

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  65. Pontinha verde, és a máior! :D

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  66. Já agora: TP, acho que em linhas gerais tens toda a razão, embora eu continue a achar que mesmo havendo vários tipos de inteligência, há pessoas mais inteligentes que outras.

    (tive um colega de faculdade, a quem carinhosamente chamo o "sobredotadozinho", que além de ter acabado o curso no técnico com média de 18, ser federado em ginástica pelo sporting, e ter o curso de piano do conservatório, é um party animal, e fez o curso todo a dar 20 horas semanais de aulas de piano. se eu conseguiria? creio que não. porque ele é mais dotado.)

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  67. Grande comentário. Ou será comentário grande?

    Aquele abraço,

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  68. Ola! Eu não acompanho o teu blog, mas hoje vim cá ter por acaso, e por acaso também comecei a ler alguns posts: os mais recentes. Mas os assuntos começaram a interessar-me, de facto. Ah, li muitos comentários também.
    Eu estou a tirar doutoramento. Cresci e vivi até há poucos anos atrás (aliás, ainda cresço e vivo, sempre que vou a Portugal, pois é a casa dos meus pais e a minha *casa* verdadeira) numa vila rural perto de uma cidade, cheia de gente a que num instante chamavas burras e pastores que vão às prostitutas, no Norte do país. Estou a viver em Leiden pois é cá que estou a tirar doutoramento. Por isso acho que tenho "uma palavra a dizer".
    Em primeiro, agradeço a Deus (sim, acredito em Deus e sou cientista, não sei qual a tua opinião sobre esse assunto, mas se és dos muitos que pensam logo "então esquece, já não vale a pena continuar a falar cientificamente contigo, porque não podes ser as duas coisas", não precisas de ler o resto do meu post, se bem que não estou a “falar” cientificamente aqui, pois é apenas o espelho da minha opinião e não o resultado de um teste científico, bla bla bla, já percebeste o ponto de vista). Voltando ao que estava a dizer, graçãs a Deus que não cresci em Lisboa. Não tenho nada contra a cidade, gosto muito de lá ir, e vivi lá (vá, pronto, era em Oeiras. Se grande diferença existe reformulo para "....que não cresci em Oeiras). Mas apesar de viver com "gente rude do campo" foram eles que me ensinaram valores, algo que me parece um pouco diluído na grande cidade. Aliás, acho que, apesar de um pouco exagerada, Lisboa está para o resto de Portugal como Amesterdão está para o resto da Holanda, e certamente percebes a ideia. Eu não sei de onde és, mas isto veio a respeito de, por exemplo, o título de um post "Eu bem digo que vivo no campo", onde falavas da "burrice" de Leiden. Eu bem sei que é uma expressão! mas, ainda assim, achei um pouco infeliz e então juntando a "olhando para fora de lisboa vê-se pastores a irem aos bares de alterne", ou qualquer coisa do género pois agora não consigo encontrar a citação, só me resta dizer...enfim. Se achas que de zonas rurais não sai "grande coisa" lamento, mas estás errada.
    (continua...)

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  69. E já agora, também não tenho relações pessoais com pessoas sem ser da Universidade, ou amigos de tais, mas convivo com o resto da população de Leiden, sim, e se obviamente não leio o nível de inteligência na cara, o facto de mais de 99% da gente que aqui vive e trabalha falar inglês não é um detalhe que mereça ficar despercebido. E sem querer estar a tomar partido dos holandeses habitantes de Leiden (porque podia passar horas a criticar negativamente), acho que são bastante civilizados, o que para mim é também uma característica de inteligência mesmo que essa pessoa não saiba calcular um integral. Acho que olhas para a inteligência de uma forma mais ou menos assim:
    inteligente --> cientista, médico, físico
    burro --> agricultor, pessoa sem profissão importante, etc.

    Mas olhar para a inteligência não é só (ou grande parte) olhar para desempenho académico/profissonal. A minha mãe tem a 4ª classe. Quando andava na escola só queria saír de lá.....as professoras batiam e ela tinha más notas. E segundo ela, não gostava de aprender. Ainda dá bastantes erros ortográficos. Há uns meses, decidiu fazer o 6º ano pois falaram lá no centro de emprego. Não passou a ser cientista! No entanto (e mesmo antes do 6º ano) eu considero a minha mãe uma pessoa inteligente. Eu olho também para o seu comportamento social, pessoal, reflexivo sobre si mesmo; pela forma como educou as filhas vinda de uma família de 11 irmãos, onde cada um foi mais criado pelos próprios irmãos que pelos pais. A inteligência também tem a ver com o pensar sobre o agir, pensar sobre o outro e muito a ver com a capacidade de adaptação e de criar algo novo numa situação nova, sem para isso ter sido ensinado. E eu tenho reparado que há muita gente que mostra capacidades deste género e não ganham mais que o salário mínimo (algumas, claro, se tivessem tipo oportunidades, como também se já discutiu, tinham chegado a cargos maiores, outras não).
    Bem, era só para “alargar um pouco as vistas” sobre o assunto, pois, sem querer ser também conotada de snob ou convencida, eu gosto de ver as coisas de vários ângulos e de analisar criticamente cada dado antes de cair na opinião comum, geralmente de condenação ou absolvição à primeira.
    Desculpa lá o tamanho do post!

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  70. Cláudia:

    antes de me alargar muito, começo por dizer que concordo com quase tudo o que dizes, tirando a leitura que fazes do que eu disse, e que já expliquei quinhentas vezes, neste e nos outros posts subsequentes (e anteriores).

    Apenas digo que há pessoas com mais capacidade de aprender - mais inteligentes - e outras com menos - menos inteligentes. Independentemente do meio social onde crescem.

    Os comentários sobre a província a que te referes, não foram meus.

    Cresci numa pequena aldeia perto de sintra, onde a maior parte das pessoas tem pouca escolaridade. Umas são inteligentes, outras não. E mesmo tendo igualmente poucas oportunidades, há pessoas que manifestam uma enorme capacidade de análise e percepção do mundo, que outras nem sequer roçam.

    Em lado nenhum digo que:

    inteligente --> cientista, médico, físico
    burro --> agricultor, pessoa sem profissão importante, etc.

    apenas digo que dentro da população com que convivo, e que é ou ligada à universidade ou à Estec, em média as pessoas são inteligentes.

    e que não sei se o mito sobre a inteligência dos habitantes de leiden é verdadeiro ou não, porque não convivo com eles.


    o que eu acho é que, com ou sem oportunidades, as pessoas inteligentes sobressaiem, e nota-se que o são. sendo médicos ou carpinteiros.

    mas que, dado o nível de exigência intelectual ser diferente em ambos os tipos de profissão, se uma pessoa menos dotada poderá ser um bom carpinteiro ou agricultor, dificilmente chegará a ser físico teórico ou neurocirurgião. apenas porque para tal é preciso estudar, passar de ano, exames, etc, e sem um certo nível de inteligência tal não é possível.

    eu já discuti este assunto longamente, por pontos, explicando detalhada e repetidamente cada afirmação, pelo que neste momento já estou com pouca paciência de o voltar a fazer, mas se fores espreitando aquilo que eu digo, e o leres sem preconceito e ideia feita, perceberás que a minha visão não é muito diferente da tua.

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  71. P.S. Já expliquei isto várias vezes: a referência ao atolambado do ainda há pastores do quim barreiros e bordel, é apenas um exemplo concreto. Não uma opinião generalizada dos pastores todos ou gente da aldeia. Aquele, concretamente, tenho muita pena, mas nem que tivesse nascido multimilionário.

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