Ao ver as imagens fofinhas da nossa polícia de choque a descarregar as suas frustrações em manifestantes e jornalistas indiscriminadamente, pergunto-me o que aconteceria se em vez de portugueses tivessem de lidar com gregos. Seria a tiro?
Exceptuando o caso dos fotojornalistas agredidos, o problema é que as imagens que o cidadão comum vê, compiladas e minuciosamente escolhidas, apenas dão conta de um lado da versão, não mostrando a violência que os manifestantes (alguns que fazem parte de dois movimentos que se dizem pacíficos) começaram, atirando ovos a edifícios e à polícia, pedras e coisas que tais.
Já chega de vivermos a mascarar os coitadinhos que se manifestam e de diabolizar o papel e intervenção da polícia (cujos exageros espero serem castigados). Era engraçado um dia destes deixar uma manifestação sem policiamento para ver quem é que é frustrado e bruto. Meta-se na cabecinha uma coisa: em democracia só há liberdade se houver segurança e ordem pública.
Sim, que toda a gente sabe que atirar ovos a paredes na zona do Banco de Portugal justifica uma carga de porrada meia hora depois na zona da Brasileira. Ovos. OVOS! Sorte tiveram aqueles bandidos de não levar um tiro cada um, era o mínimo que mereciam...
Caramba, vi todos os videos, todos, e o que vi, para além de ovos no BdP, foi maltosa a atirar ao chão, repito, chão, cadeiras, mesas e guarda-sóis da Brasileira. Em contrapartida, vi uma senhora com idade para ser minha mãe a ser agredida à bastonada. Engraçado, também vi, na altura, filmagens dos motins de Londres, isso sim, com violência a sério, e a actuação da polícia inglesa, que fazia da nossa uns brutos. Também assisti, no Speaker's Corner, há uns valentes anos, a um início de rebaldaria e a actuação da polícia londrina, que criou um cordão de segurança e dispersou maralha sem problemas, com polícia montada e tudo. E eu a uns passos, mal dava pela coisa. Se calhar a nossa PSP podia fazer umas aulinhas de formação com eles.
a cultura de polícia inglesa é completamente diferente da nossa. Tanto que os Bobbies não andam sequer armados (ou não andavam até há bem pouco tempo, não tenho a certeza).
Quanto aos motins de Londres e à péssima actuação da polícia que permitiu que a violência incompreensível num bairro perfeitamente normal de Londres, durasse tanto tempo, também há explicações.
O que é propriamente o início de rebaldaria? Parece diferente de uma manifestação planeada e organizada e em que, muito provavelmente, esses membros de movimentos nem colaboram com a polícia no que toca a informar dos trajectos que vão efectuar para se estabelecerem perímetros decentes de segurança e evitar que turistas e outras pessoas sejam apanhadas de surpresa.
Não sei se as pessoas sabem que a nossa polícia vai pelo mundo fora dar lições de como realizar a segurança de eventos de grandes dimensões e é tida em muito boa conta.
Aproveito para ressalvar que sou contra qualquer tipo de violência gratuita, mas estou seriamente farta deste discurso cego surdo e mudo, dos maus e dos bons. Estavam a atirar coisas ao chão? Não têm de atirar, não têm de prejudicar o negócio de ninguém nem vandalizar bens e propriedade alheia. Não me parece essa a grande solução para a nossa democracia. Uma senhora foi agredida à bastonada? E não estaria entre os manifestantes, ou num grupo de manifestantes violentos? (não sei que idade tem a sua mãe).
A questão é que se se abrir uma pequena permissão que seja para este tipo de comportamento, a seguir vem o quê? Queimar edifícios? As pessoas podem manifestar-se sem recorrer a actos violentos, ainda que estes não sejam contra pessoas. A partir do momento que põem em causa a segurança alheia, os bens e propriedade alheios e a ordem pública, é óbvio que a polícia tem de entrar em acção e fazer o que lhe compete. Se fossem estrangeiros que de repente se juntassem para fazer o que os nossos fizeram, íamos deixar? Se o nosso carro foosse destruído à passagem de um grupo de manifestantes, íamos passar-lhes a mão pela cabeça?
Parem para pensar. Esta mania que a democracia é só nos votos e com cartazes na mão já enjoa.
RL, no speaker's corner há total liberdade de expressão, e é um dos meus spots favoritos de Londres. É comum haver lá cristãos a dizer mal de muçulmanos e vice versa, e nem sempre com bons modos. No ano que menciono, tinha havido na véspera um bombardeamento no Iraque (Bush pai). Estava um amável árabe em cima de um escadote, com lenço palestiniano na cabeça e uma bandeira do Iraque na mão. Falava árabe, não percebia patavina do que dizia, pelo que não lhe prestei atenção. Não devia ser coisa boa, nem recomendável para a assistência, que começou a ficar muito enervada. É que Londres tem imensos paquistaneses e koweitianos, de segunda e mesmo primeira geração. Às tantas estava uma multidão aos gritos (mais gente que a que vi nos vídeos do Chiado) e a gesticular. Surgiram uma série de polícias, que fizeram um cordão à roda do orador, e depois polícia montada, de capacete, que dispersou a multidão. Em 15 minutos o assunto ficou resolvido, pacificamente e eu, ali a dois passos, nunca temi pela minha segurança ou integridade física. O orador foi retirado do local em segurança.
A minha mãe tem mais de 60 anos, e a senhora do vídeo teria os seus 60, também. Estava na rua, e apenas a vi a falar de forma alterada com a polícia. A actuação que se seguiu não tem justificação nem desculpa.
A nossa polícia não soube actuar. Não foi sequer eficaz, não dispersou, não conteve desacatos, apenas provocaram uma debandada de gente que podia ter resultado em piores danos, numa zona tão frequentada. Não desculpo coitadinhos nenhuns, simplesmente imaginei-me ali, a ver montras, e de repente levar com tropa de choque em cima. Foi tudo a eito, sem contemplações, e sem sequer se salvaguardar a propriedade privada alheia e muito menos a integridade f´sica dos demais. Já agora, na minha balança, a integridade física pesa mais que danos materiais. Coisas.
E toda a gente é a favor da polícia, estes sim uns coitadinhos, até um dia levar uma cacetada sem razão nenhuma. Podia acontecer-me e a si também.
Já agora: há precedentes em que a PSP rechaçou manifs e prendeu manifestantes. Numa das situações, tiveram azar: uma procuradora do MP estava a tomar qq coisa na esplanada da Suissa e viu tudo. Os campistas do Rossio foram absolvidos, e ficou provada força excessiva da PSP. Idem no caso de uma manif da fenprof.
É a cultura "BOPE" enraízada nas nossas forças policiais (não apenas no corpo de intervenção). Acho piada é o escândalo por terem sido jornalistas, se fossem manifestantes já não fazia mal. Diz o governo que os jornalistas têm que estar devidamente identificados, ainda havemos de os ver com coletes anti-bala e a inscrição "PRESS" a letras garrafais, mesmo assim não sei se se livram de servirem de saco da pancada para alívio da frustração desses animais pouco racionais.
n tenho nada com isso e no entanto a vergonha é tanta, que so me apetece por a cabeça na areia. tal qual uma avestruz... Tristeza.
ResponderEliminarExceptuando o caso dos fotojornalistas agredidos, o problema é que as imagens que o cidadão comum vê, compiladas e minuciosamente escolhidas, apenas dão conta de um lado da versão, não mostrando a violência que os manifestantes (alguns que fazem parte de dois movimentos que se dizem pacíficos) começaram, atirando ovos a edifícios e à polícia, pedras e coisas que tais.
ResponderEliminarJá chega de vivermos a mascarar os coitadinhos que se manifestam e de diabolizar o papel e intervenção da polícia (cujos exageros espero serem castigados). Era engraçado um dia destes deixar uma manifestação sem policiamento para ver quem é que é frustrado e bruto. Meta-se na cabecinha uma coisa: em democracia só há liberdade se houver segurança e ordem pública.
R.L. uma coisa é reagir e conter violência, outra diferente é bater indiscriminadamente, que foi o que aconteceu.
EliminarSim, que toda a gente sabe que atirar ovos a paredes na zona do Banco de Portugal justifica uma carga de porrada meia hora depois na zona da Brasileira. Ovos. OVOS! Sorte tiveram aqueles bandidos de não levar um tiro cada um, era o mínimo que mereciam...
EliminarCaramba, vi todos os videos, todos, e o que vi, para além de ovos no BdP, foi maltosa a atirar ao chão, repito, chão, cadeiras, mesas e guarda-sóis da Brasileira. Em contrapartida, vi uma senhora com idade para ser minha mãe a ser agredida à bastonada.
EliminarEngraçado, também vi, na altura, filmagens dos motins de Londres, isso sim, com violência a sério, e a actuação da polícia inglesa, que fazia da nossa uns brutos. Também assisti, no Speaker's Corner, há uns valentes anos, a um início de rebaldaria e a actuação da polícia londrina, que criou um cordão de segurança e dispersou maralha sem problemas, com polícia montada e tudo. E eu a uns passos, mal dava pela coisa. Se calhar a nossa PSP podia fazer umas aulinhas de formação com eles.
Izzie Mar,
Eliminara cultura de polícia inglesa é completamente diferente da nossa. Tanto que os Bobbies não andam sequer armados (ou não andavam até há bem pouco tempo, não tenho a certeza).
Quanto aos motins de Londres e à péssima actuação da polícia que permitiu que a violência incompreensível num bairro perfeitamente normal de Londres, durasse tanto tempo, também há explicações.
O que é propriamente o início de rebaldaria? Parece diferente de uma manifestação planeada e organizada e em que, muito provavelmente, esses membros de movimentos nem colaboram com a polícia no que toca a informar dos trajectos que vão efectuar para se estabelecerem perímetros decentes de segurança e evitar que turistas e outras pessoas sejam apanhadas de surpresa.
Não sei se as pessoas sabem que a nossa polícia vai pelo mundo fora dar lições de como realizar a segurança de eventos de grandes dimensões e é tida em muito boa conta.
Aproveito para ressalvar que sou contra qualquer tipo de violência gratuita, mas estou seriamente farta deste discurso cego surdo e mudo, dos maus e dos bons. Estavam a atirar coisas ao chão? Não têm de atirar, não têm de prejudicar o negócio de ninguém nem vandalizar bens e propriedade alheia. Não me parece essa a grande solução para a nossa democracia. Uma senhora foi agredida à bastonada? E não estaria entre os manifestantes, ou num grupo de manifestantes violentos? (não sei que idade tem a sua mãe).
A questão é que se se abrir uma pequena permissão que seja para este tipo de comportamento, a seguir vem o quê? Queimar edifícios? As pessoas podem manifestar-se sem recorrer a actos violentos, ainda que estes não sejam contra pessoas. A partir do momento que põem em causa a segurança alheia, os bens e propriedade alheios e a ordem pública, é óbvio que a polícia tem de entrar em acção e fazer o que lhe compete. Se fossem estrangeiros que de repente se juntassem para fazer o que os nossos fizeram, íamos deixar? Se o nosso carro foosse destruído à passagem de um grupo de manifestantes, íamos passar-lhes a mão pela cabeça?
Parem para pensar. Esta mania que a democracia é só nos votos e com cartazes na mão já enjoa.
RL, no speaker's corner há total liberdade de expressão, e é um dos meus spots favoritos de Londres. É comum haver lá cristãos a dizer mal de muçulmanos e vice versa, e nem sempre com bons modos. No ano que menciono, tinha havido na véspera um bombardeamento no Iraque (Bush pai). Estava um amável árabe em cima de um escadote, com lenço palestiniano na cabeça e uma bandeira do Iraque na mão. Falava árabe, não percebia patavina do que dizia, pelo que não lhe prestei atenção. Não devia ser coisa boa, nem recomendável para a assistência, que começou a ficar muito enervada. É que Londres tem imensos paquistaneses e koweitianos, de segunda e mesmo primeira geração. Às tantas estava uma multidão aos gritos (mais gente que a que vi nos vídeos do Chiado) e a gesticular. Surgiram uma série de polícias, que fizeram um cordão à roda do orador, e depois polícia montada, de capacete, que dispersou a multidão. Em 15 minutos o assunto ficou resolvido, pacificamente e eu, ali a dois passos, nunca temi pela minha segurança ou integridade física. O orador foi retirado do local em segurança.
EliminarA minha mãe tem mais de 60 anos, e a senhora do vídeo teria os seus 60, também. Estava na rua, e apenas a vi a falar de forma alterada com a polícia. A actuação que se seguiu não tem justificação nem desculpa.
A nossa polícia não soube actuar. Não foi sequer eficaz, não dispersou, não conteve desacatos, apenas provocaram uma debandada de gente que podia ter resultado em piores danos, numa zona tão frequentada. Não desculpo coitadinhos nenhuns, simplesmente imaginei-me ali, a ver montras, e de repente levar com tropa de choque em cima. Foi tudo a eito, sem contemplações, e sem sequer se salvaguardar a propriedade privada alheia e muito menos a integridade f´sica dos demais. Já agora, na minha balança, a integridade física pesa mais que danos materiais. Coisas.
E toda a gente é a favor da polícia, estes sim uns coitadinhos, até um dia levar uma cacetada sem razão nenhuma. Podia acontecer-me e a si também.
Já agora: há precedentes em que a PSP rechaçou manifs e prendeu manifestantes. Numa das situações, tiveram azar: uma procuradora do MP estava a tomar qq coisa na esplanada da Suissa e viu tudo. Os campistas do Rossio foram absolvidos, e ficou provada força excessiva da PSP. Idem no caso de uma manif da fenprof.
É a cultura "BOPE" enraízada nas nossas forças policiais (não apenas no corpo de intervenção).
ResponderEliminarAcho piada é o escândalo por terem sido jornalistas, se fossem manifestantes já não fazia mal.
Diz o governo que os jornalistas têm que estar devidamente identificados, ainda havemos de os ver com coletes anti-bala e a inscrição "PRESS" a letras garrafais, mesmo assim não sei se se livram de servirem de saco da pancada para alívio da frustração desses animais pouco racionais.